Salvador e Morro de São Paulo – SuoViaggio Edição n. 14
Zélia Rodrigues - PublisherRevistas Américas, Brasil, Revistas 2017
Bahia, folia e tranquilidade
Fechamos essa edição de SuoViaggio em ritmo de carnaval! E para garantir a animação, nada como uma matéria sobre a Bahia. Ah, a Bahia! Começamos na folia de Salvador e terminamos na tranquilidade de Morro de São Paulo. Assim, é a nossa matéria “Pulando atrás do trio elétrico de Salvador a Morro de São Paulo”.
Continuaremos o nosso trabalho de melhoria contínua, então se você encontrar alguma dificuldade ou tiver algum comentário e/ou sugestão para fazer, por favor, me diga!
Bahia
Pulando atrás do trio elétrico de Salvador a Morro de São PauloLogo ao desembarcar no aeroporto de Salvador senti a vibração do povo baiano. Confesso, nunca fui muito “carnavalesca” e tampouco do mundo do Axé, mas é praticamente impossível não se deixar contagiar pela alegria e energia dos baianos, sobretudo em época de carnaval. Faltou pouco para eu dispensar o táxi e ir “pipocando” do aeroporto até o hotel!
Resistindo à folia, aproveitei uma manhã tranquila para visitar o Pelourinho (Pelô para os íntimos), no centro histórico da capital baiana. O trabalho de revitalização do Pelourinho foi muito bem feito. O casario colorido em estilo colonial barroco, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, dá um charme ainda maior à região. As ruas em paralelepípedos requerem calçados baixos e confortáveis. A revitalização do Pelourinho se concentrou na efervescência cultural da área, transformando-o em um importante centro de atividades culturais e atraindo diversos artistas. Ali fica a Casa do Olodum e é também o local onde o grupo faz suas apresentações às terças-feiras; e a Casa de Jorge Amado (Casa do Rio Vermelho), no local onde outrora fora a sua casa e hoje funciona um museu dedicado à história do casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, além de manter outros projetos e atividades culturais. Seguindo a passos lentos, passei pelo Terreiro de Jesus até chegar ao Largo Cruzeiro de São Francisco, onde fica a igreja e o convento de São Francisco. Construída no início do século XVIII em estilo barroco, o exterior austero da igreja esconde um interior impressionante, com teto, paredes, colunas e capelas talhados em ouro. Estima-se que uma tonelada de ouro tenha sido utilizada na decoração da igreja de São Francisco! Destacam-se também os azulejos pintados por Bartolomeu Antunes de Jesus, embora a beleza da obra do artista português acabe ofuscada pelo dourado reluzente da igreja. É, no mínimo, incoerente pensar em uma igreja dedicada a São Francisco de Assis, o santo que pautou sua vida na pobreza, ornamentada de forma tão espetacularmente rica. Mas, deixo essa reflexão para os teólogos, filósofos e sociólogos. Fato é, que a igreja de São Francisco em Salvador é uma atração imperdível!
Alguns passos depois, já na vizinhança do famoso Elevador Lacerda, me deparei com a bela vista da Baía de Todos os Santos. O Mercado Modelo logo abaixo, os barquinhos ancourados no mar e a luz do sol che refletia na água me fizeram lembrar das músicas de Dorival Caymmi e me bateu uma leseira… Entendi perfeitamente a utilidade do elevador para fazer aquela descida/subida. Os baianos não dão ponto sem nó! A descida pelo primeiro elevador urbano do mundo dura menos de 30 segundos, mas considerando a bela vista do cais e do Forte de São Marcelo a partir de suas janelas panorâmicas, poderia durar muito mais tempo. Uma vez na cidade baixa, era chegada a hora de sentir os deliciosos aromas do mercado, embora seja um tantinho caótico. Uma caminhada pela Avenida Lafayete Coutinho ajuda a queimar as calorias inevitavelmente adquiridas no Mercado Modelo. O Forte de São Marcelo, localizado na Baía de Todos os Santos e construído com inspiração do Castello Sant´Angelo de Roma, é uma das grandes atrações de Salvador. A construção de 1623 foi tombada pelo Iphan em 1938 e, recentemente reaberto ao público, após um importante trabalho de restauração. Construído sobre um arrecife na entrada do porto da cidade, o forte de tantas batalhas é agora uma das maiores belezas de Salvador. Após a imersão na história do local, a melhor coisa a se fazer é escolher um lugar e esperar pra ver o sol se pôr no mar, um espetáculo gratuito oferecido generosamente pela natureza.
Se Salvador já é uma festa em qualquer época do ano, imagina como é a folia em pleno carnaval! Os trios elétricos fazem a alegria da galera, lançando, a cada ano, um sucesso que acaba conquistando todo o resto do Brasil. Dentre os circuitos do carnaval de Salvador, o mais famoso e concorrido é o Circuito Dodô Barra/Ondina, que percorre 4,5 km da Avenida Oceânica em cerca de 5 horas, fazendo a ligação das praias da Barra a de Ondina. São cerca de 140 blocos desfilando nesse circuito e milhares de “pipocas” pulando atrás dos trios elétricos, numa energia enlouquecedora! Ali, no começo do Circuito Barra/Ondina, fica uma das maiores atrações turísticas de Salvador, o Farol da Barra. Localizado no interior do Forte de Santo Antônio da Barra, o farol de 22 metros de altura pintado em listras pretas e brancas, foi construído no final do século XVII para auxiliar o intenso tráfego naval no Porto de Salvador. Atualmente, o Farol da Barra é um dos principais cartões-postais da cidade, funcionando no interior do forte o interessante Museu Naútico da Bahia.
Depois de tanta folia, era hora de agradecer às graças do Senhor do Bonfim, na igreja que se tornou o maior templo católico de Salvador. Com a fitinha do Bonfim já amarrada ao pulso, dediquei os meus últimos momentos na cidade para contemplar a igreja com fachada em estilo rococó e a sua escadaria, que se tornou famosa por causa da festa da Lavagem do Bonfim, que acontece todos os anos em janeiro durante a festa do santo padroeiro da cidade.
Com o corpo cansado, mas a mente relaxada, encarei as duas horas de travessia do Porto de Salvador até a pequena vila de Morro de São Paulo. O mar agitado causou estragos aos marinheiros de poucas viagens, eu inclusive. Uma vez em terra firma, a orientação em Morro é bastante simples, tem a vila, a Primeira Praia, a Segunda Praia, a Terceira Praia, a Quarta Praia e a Quinta Praia. Tudo assim, simples e fácil como a vida deve (deveria) ser!
O transporte oficial de Morro são os pés, já que é proibido o transporte a motor na ilha, o que contribui para fazer desse lugar um oásis de tranquilidade. Me alojei em uma pousadinha de frente para o mar da Terceira Praia e, com o cansaço da travessia, tratei logo de me entregar ao luxo trivial de Morro, a rede na varanda! O som das ondas quebrando bem pertinho dos meus ouvidos, o leve balanço da rede e o coração em paz contribuíram para um final de tarde sereno em meio a uma paisagem linda.
Disposta a explorar as belezas de Morro, passei o dia seguinte “pulando” de uma praia para a outra, sem menhuma pressa. A Primeira Praia vem logo depois da vila e, por causa disso, é a mais frequentada pelos moradores locais. Já a Segunda Praia, é a mais muvucada de todas, com várias opções de bares e restaurantes. O agito da Segunda Praia se estende pela noite, com a feirinha de artesanto e os luaus ao som de axé. Na Terceira Praia fica a maioria das pousadas a beira-mar e é de onde partem os passeios de barcos pelos arredores da ilha. A Quarta Praia é uma das mais tranquilas, com pouco movimento de turistas, águas calmas e belos coqueiros que nos convidam a deliciosos momentos de relaxamento. Por fim, a Quinta Praia é a mais isolada e bem preservada de Morro. Uma grande barreira de corais dá forma a várias piscinas naturais, onde é possível mergulhar para apreciar a rica vida marinha do local. Não por acaso a Quinta Praia também é conhecida como Praia do Encanto!
Dediquei um dia para conhecer a praia de Gamboa, localizada no norte da ilha. Dizem que a argila de Gamboa tem efeitos medicinais, então logo que cheguei, tratei de me enlamear com a esperança de usufruir de tais efeitos. Depois de tanta “fadiga” em nome da boa saúde, encontrei descanso na barraca de uma simpática família de pescadores, que me acolheu com uma de suas redes para ali ver o tempo passar… O balanço da rede, o barulho do mar, o afago da brisa e uma cervejinha sempre gelada ao alcance das mãos. Foi assim que terminei a minha tarde na charmosa Gamboa. Não sei se foi efeito da argila ou da paz que encontrei no local, mas posso atestar que Gamboa faz sim muito bem à saúde!
Outros passeios bacanas pra se fazer em Morro são as trilhas pelo interior da ilha e os passeios de barco. Eu optei por um passeio de barco de longa duração (o dia inteiro) até Boipeba, com parada nas piscinas naturais de Garapuá e Moreré. Partimos com uma linda manhã de sol, mas ainda no início do passeio, o céu se fechou e caiu o maior pé d´água. Chuva, vento e alto-mar formaram a combinação perfeita para a chegada da inevitável sensação de… FRIOOOOO!!! Sim, eu, a paulistana acostumada ao inverno europeu, tremi de frio na Bahia! Com um certo mau-humor, confesso, pensava em voltar para o aconchego do meu quarto, quando o capitão da lancha gritou “olha os golfinhos!”. Esqueci o frio e comecei a me embasbacar pelo espetáculo do pequeno grupo de golfinhos que brincavam próximos à lancha. Era a primeira vez que ficava tão perto dessas doces criaturinhas (não tão inhas assim). Ganhei o dia com aquele belo espetáculo! Logo depois, a chuva passou e o passeio continuou pela histórica Cairú, onde fica o Convento de Santo Antônio, patrimônio histórico do arquipélago de Tinharé.
Em meu último dia em Morro me entreguei à preguiça. Sol, mar e, de vem quando, um pouco de caminhada pela beira da praia. No final do dia, segui o fluxo em direção à Toca do Morcego para ver o pôr do sol mais concorrido de Morro. Entre uma e outra margherita, me deixei encantar pelo deslumbre da natureza, enquanto o sol caía no mar de forma tão poética que seria capaz de abrandar até os corações mais frios. Depois do espetáculo da natureza, a festa continuou noite adentro, com muitos coqueteis e música animada até o triste – mas necessário – momento de me despedir dessa deliciosa ilha cheia de encantos.
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