Ilha Grande ou Ilhabela? – SuoViaggio Edição n. 52
Zélia Rodrigues - PublisherRevistas Publicadas Américas, Brasil, Revistas 2023
Ilha Grande ou Ilhabela?
Na dúvida, fique com as duas!
Viva a estação mais animada do ano nas ilhas da Rio-Santos
Antes de mais nada, gostaria de desejar a você um Feliz 2023! E além dos votos de muita saúde, paz e prosperidade, também desejo um ano repleto de viagens para criar novas e inesquecíveis memórias!
E a primeira edição de 2023, claro, chegou para contribuir com a resolução de “viajar mais”. Afinal, mesmo com janeiro se despedindo, o calendário nos está favorável neste ano, com diversos feriados prolongados apontados na folhinha. Para ajudar a preencher as lacunas desses feriadões – olha o carnaval aí, gente! – abordamos dois destinos incrivelmente lindos e que ficam a poucas horas de distância de grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, sendo perfeitos para aquela escapada em um dos feriadões.
Sem mais delongas, te deixo com as duas maiores e mais belas ilhas da costa fluminense e da costa paulista, Ilha Grande e Ilhabela, respectivamente. Ambas são lindas, ostentam uma beleza natural incrível e colecionam praias de nos fazer cair o queixo.
Vem com a gente e deixe-se seduzir pela magia dessas ilhas paradisíacas!
Ilha Grande ou Ilhabela?
Na dúvida, fique com as duas! E viva a estação mais animada do ano nas incríveis ilhas da Estrada Rio-SantosCom um fim de ano agitado, quando nos demos conta já estávamos pulando as 7 ondinhas na virada de ano. E 2023 com seus muitos feriados prolongados é promissor para quem colocou na lista de resoluções de Ano-Novo o item “viajar mais”. Aliás, muitos já começaram a aplicar essa resolução logo de cara, dada a grande concentração de pessoas espalhadas pelas praias do Brasil, demonstrando o quanto os brasileiros ansiavam por esse momento. Afinal, depois de dois anos de restrições por causa da pandemia da Covid-19, as pessoas finalmente podem se planejar para as festas e férias de verão. E com o carnaval batendo à porta, espera-se que os números se repitam até o fim de fevereiro.
Para quem ainda tem dúvidas sobre onde aproveitar o verão antes de as águas de março chegarem, aqui fica uma dica: temos dois paraísos naturais bem próximos do eixo Rio-São Paulo. Para quem não dispensa estar em meio à natureza e curtir lindas praias, a Ilha Grande, no litoral do Rio de Janeiro, e a Ilhabela, no litoral de São Paulo, são excelentes opções para curtir o verão em meio a lugares incríveis e muita gente animada. Ah, claro que essas duas ilhas maravilhosas também estão preparadíssimas para promover animadas festas durante toda a estação mais quente e divertida do ano! Embarque nessa com a gente e descubra os encantos desses pequenos paraísos da maravilhosa Estrada Rio-Santos.
Ilha Grande, um paraíso (quase) intocável
Ao desembarcar no pequeno Porto de Ilha Grande tive a sensação de ter sido transportada ao Brasil Colônia. O movimento das pessoas com a chegada da embarcação vinda do continente, o vaivém frenético dos carregadores de bagagem e apenas uma estrada que dava acesso ao interior da ilha. Olhei para todos os lados à procura de ajuda. Como conseguiria chegar à pousada? Uma voz tranquilizadora me afirmou que não tinha como errar em Ilha Grande. Enquanto eu ainda assimilava esse novo mundo, um rapaz jovem e sorridente me perguntava o nome da minha pousada, já com a minha mala na mão e rumo à única estrada que dava acesso ao interior da ilha. Realmente não tinha como errar em Ilha Grande.
Ilha Grande pertence à cidade de Angra dos Reis, de onde saem os barcos que fazem a travessia até a ilha. Com uma área de 193 quilômetros quadrados, essa é a maior ilha do estado do Rio de Janeiro e uma das maiores de todo o Brasil. Mas, mesmo com uma dimensão considerável, automóveis não são permitidos no interior da ilha, então é melhor se armar de calçados confortáveis para caminhar muito por lá. A Vila do Abraão é o local onde se concentra a maior parte de pousadas, bares e restaurantes, funcionando como o centro da ilha. É também em Abraão que a vida noturna da ilha acontece, embora devamos deixar de lado o conceito de vida noturna das grandes cidades quando chegamos em Abraão. Mas viver o charme de uma pequena vila colonial nos revela gratas surpresas, como tomar uma cerveja no fim da tarde nas proximidades da Igreja São Sebastião com os olhos no movimento do cais da ilha e se deixar contagiar pelo clima de vida despreocupada que a ilha nos proporciona.
A Ilha Grande conta com uma vasta área de reserva da Mata Atlântica, preservada graças às áreas de proteção ambiental. Na ilha funcionam o Parque Estadual da Ilha Grande, o Parque Estadual Marinho do Aventureiro, a Área de Proteção Ambiental de Tamoios e a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, sendo esta última com acesso restrito a pesquisadores. A Reserva da Praia do Sul ocupa uma área de 3.600 hectares, na qual estão presentes todos os tipos de ecossistemas litorâneos presente no Rio de Janeiro, como mangue, restinga, costão rochoso, lagunas e mata atlântica. Graças à ampla área de reserva da mata atlântica, a ilha conta com uma rica biodiversidade da fauna e da flora brasileira, com milhares de espécimes preservadas. A relevância natural das áreas da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e do Parque Estadual da Ilha Grande, em conjunto com outras importantes áreas de Paraty, foi reconhecida pela UNESCO, que declarou em julho de 2019 essas áreas como Sítio Misto Patrimônio Mundial.
Mesmo com uma beleza natural espetacular, a Ilha Grande somente despontou para o turismo na década de 1990, após o presídio da ilha ter sido desativado. Antes disso, a ilha basicamente serviu como local de isolamento de pessoas, seja de pacientes de hanseníase que eram internados no Lazareto, seja de prisioneiros do Presídio Cândido Mendes. Durante o período do Estado Novo, esse presídio foi ocupado por prisioneiros políticos, sendo um dos mais célebres o escritor Graciano Ramos, que lá escreveu o livro “Memórias do cárcere”, publicado postumamente em 1953, mesmo que inacabado, pois Graciano não escreveu o último capítulo do livro. Os mais velhos provavelmente se lembrarão de outro episódio marcante do presídio: a audaciosa fuga do traficante Escadinha, fundador da facção criminosa Comando Vermelho, durante o Réveillon de 1985. Atualmente, pouco restou do presídio que fora desativado em 1993, mas ainda é possível ver resquícios da sua entrada principal e de algumas celas.
Deixando para trás esse passado de local de isolamento, seja para pacientes acometidos por doenças contagiosas, seja para prisioneiros, a ilha finalmente pode revelar o seu lado mais bonito e envolver os seus visitantes em um ambiente natural simplesmente espetacular. Contando com a exuberante vegetação de Mata Atlântica por todos os lados, a Ilha Grande vai se revelando para os seus visitantes devagar. Uma cachoeira aqui, uma praia paradisíaca ali. Assim, se vai descobrindo o imenso tesouro de belezas naturais que essa grande ilha tem para nos mostrar.
Por terra e por mar
As muitas belezas naturais de Ilha Grande podem ser apreciadas tanto da terra quanto do mar, sendo que cada uma dessas opções oferece perspectivas diferentes, mas igualmente interessantes. Decidi iniciar o desbravamento da ilha através de uma trilha de 18 quilômetros de extensão. Confesso ter sentido um certo receio em encarar logo de cara uma das trilhas mais longas da ilha, mas o guia me convenceu ao dizer que através dessa trilha se tem algumas das vistas mais espetaculares de toda a Ilha Grande. O que não se faz por uma boa fotografia?! Equipada com mochila nas costas, tênis confortável e muito repelente, me embreei na mata atlântica com um grupo de aventureiros amadores. Alguns desavisados cederam logo de cara e outros concluíram a trilha com muita dificuldade e infinitas paradas, enquanto eu parti com uma expectativa tão pessimista da trilha, que acabei por considerá-la exaustiva, mas relativamente fácil, pois em nenhum ponto foi necessário o auxílio de cordas ou outros instrumentos para atravessar de um lado para outro, apenas uma boa preparação física para encarar os muitos quilômetros de trilha com algumas subidas. Quando chegamos no ponto mais alto da trilha e vislumbrei lá do alto a enseada da Praia de Lopes Mendes, com aquela ampla faixa de areia clara e fina contrastando com o azul do mar e o verde da vegetação da restinga, numa imagem tão linda e perfeita que parecia uma pintura impressionista, olhei para o guia com o seu jeitão simpaticamente truculento e sorri em agradecimento. Um olhar e um sorriso que diziam o que palavras não eram capazes de expressar. Ao final do percurso, o cansaço foi amplamente compensado por um banho maravilhoso e revigorante nas águas cristalinas da Praia de Lopes Mendes, uma das mais bonitas não apenas da ilha, mas de todo o Brasil.
Para quem não pode – ou não quer – encarar uma trilha longa como essa que atravessa a ilha de Abraão até a Praia de Lopes Mendes, mas gostaria de vivenciar a experiência de caminhar em meio à rica vegetação da ilha e contemplar vistas sob perspectivas únicas, existem outras opções de caminhadas mais fáceis e curtas para se fazer, como a Caminhada da Enseada do Abraão, a Caminhada da Enseada do Bananal e a Caminhada da Enseada de Palmas, dentre outras. Basta escolher a que mais agradar e colocar os pés na estrada. Já para os mais aventureiros, a Trilha do Pico do Papagaio é imperdível. O Pico do Papagaio, com 982 metros de altura, é o segundo ponto mais alto de Ilha Grande, ficando atrás apenas do Pico da Pedra D’Água, cuja altura chega a 1031 metros. Do topo da rocha se tem uma vista espetacular, sendo possível contemplar de lá quase toda a ilha e até Angra dos Reis. Essa trilha é considerada a mais difícil e arriscada de toda a ilha, por isso, é absolutamente necessário fazê-la com a ajuda de um guia local, pois há o risco de perder-se em meio à mata densa.
Outro ângulo interessante para ver os encantos da Ilha Grande é através do mar. A ilha conta com diferentes opções de passeios de barcos para agradar a todos os gostos – e bolsos. Uma das melhores opções é o passeio privativo de lancha, pois assim se tem mais flexibilidade na escolha do itinerário e do tempo de passeio. Algumas paradas são imperdíveis como as das maravilhosas Praia da Feiticeira e Praia de Castelhanos, a última praia da costa leste da ilha. Outra forma de navegar pela costa da ilha é a bordo de uma escuna, que custa bem menos do que as lanchas e também faz ótimas paradas durante o passeio, embora o roteiro seja mais amarrado. E para quem curte mergulhar, a Ilha Grande é o local ideal para ver diversas riquezas marinhas abaixo do verde intenso das águas da costa da ilha. Com variadas e belas espécies de marinhas, o fundo do mar da ilha é um prato cheio para mergulhadores.
Seja por terra, seja por mar, certo é que sempre nos deparamos com cenários de fazer cair o queixo nessa fantástica ilha do litoral fluminense.
Ilhabela
Deixando a costa fluminense para entrar na costa paulista, paramos em outra ilha maravilhosa do sudeste brasileiro, a Ilhabela, cujo nome não poderia ser mais propício para chamar um dos lugares mais incríveis do litoral paulista. Localizada na parte norte do litoral de São Paulo, a poucos minutos de balsa da cidade de São Sebastião, a Ilhabela já serviu de refúgio de piratas e corsários e, por muito tempo, foi o destino de hippies e outros públicos mais alternativos, que buscavam contato com a natureza. Porém, após algumas décadas promovendo um “turismo de aventura” ou “turismo selvagem”, autoridades locais deram espaço a empreendedores que viram o potencial da ilha – que na verdade é um pequeno arquipélago – para o desenvolvimento de um turismo mais abrangente, atraindo um público desejoso de contato com a natureza sim, só que mais sofisticado e exigente. Assim foram criadas estruturas hoteleiras de luxo, restaurantes sofisticados e opções de passeios mais confortáveis, como passeios a bordo de lanchas modernas e ou de barcos à vela. E nesta época do ano, a ilha ferve! Com diversas festas no calendário local, não faltam na ilha opções de lugares bacanas para curtir as quentes e animadas noites de verão.
As praias de Ilhabela são o seu grande atrativo, sem dúvida. Com uma costa magnifica de 36 quilômetros de extensão, pertencem à ilha algumas das praias mais bonitas do Brasil, como a Praia de Castelhanos, voltada para o Oceano Atlântico. Para chegar lá, os visitantes podem se aventurar com veículo 4×4 em uma estrada criada em meio à Mata Atlântica preservada pelo Parque Estadual de Ilhabela ou confortavelmente a bordo de uma lancha, ou ainda, optar um misto de aventura e conforto, indo de jipe e voltando de lancha. Seja qual for a escolha pelo transporte, certa é a sensação de embasbacamento ao se deparar com a beleza natural de Castelhanos, com sua faixa de areia de 1,5 quilômetro de extensão banhada pelas águas azuis do mar. O local é ideal para algumas horas de relaxamento total, pois não há barracas e confusão na praia, apenas o movimento dos visitantes que encaram o trajeto até essa parte da ilha. Mas para aqueles que curte trilha e topar uma dose extra de aventura, também dá para fazer trilhas para outras praias a partir de Castelhanos. As trilhas que vão de Castelhanos até a Praia Mansa e a Praia Vermelha são as mais requisitadas pelos aventureiros. Mas se a ideia for ficar por lá mesmo, vale a pena dar uma pausa no dolce far niente para fazer uma pequena trilha até o mirante da Praia de Castelhanos, de onde se tem uma vista espetacular da praia. Outra praia incrivelmente bela é a Praia da Fome, alcançada apenas por barco ou por uma trilha. O acesso difícil a essa praia contribui para a sua preservação, cuja beleza salta aos olhos de quem lá chega. Com proporções pequenas e águas cristalinas e calmas, essa praia é excelente para a prática de mergulho, atraindo muitos amantes desse esporte. A Praia da Fome ganha um charme a mais por causa de um casarão que domina a sua paisagem. Esse casarão, hoje inabitado, teria servido de base para os escravos que chegavam da África antes de serem comercializados no atual Centro Histórico da ilha. Como a Praia da Fome não tem muita infraestrutura, vale a pena visitá-la e depois seguir para a Praia do Jabaquara, ali perto, mas com maior infraestrutura turística, inclusive estacionamento, pois é a última praia da área norte acessível por carro. Embora seja ofuscada pela vizinha, a Praia do Jabaquara, cortada por dois riachos, também é de uma beleza ímpar.
Com tantas praias maravilhosas, se torna impossível discorrer sobre todas. Aliás, uma dica para conhecer ao máximo a beleza das muitas praias de Ilhabela é fazendo passeios de barco ao redor da ilha, pois só assim será possível ver diferentes pontos, alguns de acesso restrito. Também é apenas por mar que se tem um panorama abrangente da ilha, pois de outra forma serviriam muitas viagens para conhecer a fundo todas essas praias incríveis de Ilhabela. As opções de passeios são variadas, de grandes escunas a pequenas lanchas. A melhor opção é optar pelas lanchas, pois assim é possível escolher o roteiro que seja mais condizente com os interesses de cada visitante, além de conseguir aproveitar bem mais a magia dessa ilha bela!
Mas, mesmo que o desejo de pular de praia em praia seja forte, vale a pena dedicar um tempinho para caminhar vagarosamente pela Vila, o Centro Histórico de Ilhabela. É no píer da Vila que as balsas que fazem a conexão com São Sebastião e os navios de cruzeiros atracam, garantindo um movimento constante. Aos finais de tarde, a área começa a lotar de espectadores para um pôr do sol lindíssimo. E depois que o sol se põe, começa o burburinho entre as lojinhas, os bares e os restaurantes da Vila. O local que outrora servira de mercado de escravos, hoje comercializa de souvenirs a roupas de grife. Também fica na Vila os melhores restaurantes da ilha, oferecendo opções gastronômicas variadas e de alta qualidade.
Antes de deixar a ilha, é fundamental visitar a Fazenda do Engenho D’Água, um lugar que vale cada segundo passado por lá. A Fazenda do Engenho D’Água está localizada na região central da ilha. Por causa de sua posição geográfica o calçadão da praia e a ciclovia são muito frequentados tanto por moradores quanto por turistas, especialmente pela manhã e nos fins de tarde, quando muitas pessoas aproveitam para dar uma paradinha no píer para apreciar a bela paisagem do local ao pôr do sol. Embora a maioria das pessoas se restrinja à parte da Praia do Engenho D’Água, vale muito a pena estender a visita para conhecer a antiga fazenda colonial. A casa principal da fazendo foi construída no século XVII e está muito bem preservada. Atualmente, a antiga fazenda colonial de açúcar e aguardente funciona como um museu, onde é possível ver traços característicos da época colonial, como o porão de escravos e saber mais sobre a interessante história da ilha. A visita ao interior da fazenda-museu é uma forma única de conciliar a beleza natural com a interessantes história de Ilhabela.
A meca de velejadores
As condições favoráveis do mar e dos ventos transformaram Ilhabela na meca de velejadores – profissionais e amadores. O píer da ilha costuma ficar lotado de embarcações à vela de diferentes tamanhos e categorias durante todo o ano, mas é em julho que a costa da ilha se transforma na capital internacional de embarcações à vela, quando acontece a Semana Internacional de Vela Ilhabela – SIVI, o maior evento para velejadores da América Latina. Com diferentes regatas durante o dia e jantares e shows durante a noite, a Ilha fica lotada de velejadores brasileiros e estrangeiros, atraindo também um grande público de espectadores, que contribuem para uma animação contagiante nesse período.
Com uma tradição tão grande na “arte” de velejar, a Ilhabela é o melhor local da região para dar os primeiros passos no aprendizado necessário para a condução de um veleiro, com cursos de diferentes níveis. Porém, se assim como eu, a sua praia for curtir sem se preocupar em conduzir a embarcação, a ilha também conta com empresas que organizam passeios pelas mais belas praias da ilha com pilotos habilitados. Desta forma, a única preocupação será aproveitar a brisa e curtir a linda paisagem dessa parte mágica da costa norte de São Paulo. Em meio ao oceano, com o vento batendo no rosto, o mar azul e a vegetação da ilha à frente, nos despedimos do paraíso paulista com uma dose de saudade na bagagem.
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