Barcelona além de Gaudì – SuoViaggio Edição n. 11
Zélia Rodrigues - PublisherRevistas Publicadas Espanha, Europa, Revistas 2016
Barcelona além de Gaudì
Se a arquitetura modernista de Gaudì colocou Barcelona na rota do turismo internacional, as estrelas e os títulos conquistados pelo FCBarcelona, chamado apenas de Barça pelos íntimos, deram uma projeção ainda maior à cidade catalã. Basta considerar que um dos locais mais visitados de Barcelona é o estádio Camp Nou e o museu do time da cidade.
Nem mesmo o alto valor do ingresso (23 euros por pessoa) afugenta os fãs de futebol que vêm de todo o mundo para conhecer um pouco mais sobre um dos times mais importantes da Europa. Mas se você pensa em levar na bagagem uma camisa do Messi ou Neymar, prepara-se para abrir a carteira, porque até as não oficiais das barracas da Rambla são caras!
Barcelona
além de GaudíSe a arquitetura modernista de Gaudì colocou Barcelona na rota do turismo internacional, as estrelas e os títulos conquistados pelo FCBarcelona, chamado apenas de Barça pelos íntimos, deram uma projeção ainda maior à cidade catalã. Basta considerar que um dos locais mais visitados de Barcelona é o estádio Camp Nou e o museu do time da cidade. Nem mesmo o alto valor do ingresso (23 euros por pessoa) afugenta os fãs de futebol que vêm de todo o mundo para conhecer um pouco mais sobre um dos times mais importantes da Europa. Mas se você pensa em levar na bagagem uma camisa do Messi ou Neymar, prepara-se para abrir a carteira, porque até as não oficiais das barracas da Rambla são caras!
Como nem tudo são flores, logo de cara me decepcionei com a infraestrutura de Barcelona, pois embora seja uma cidade rica, deixa muito a desejar nesse quesito. Fiquei chocada quando cheguei ao aeroporto, com algumas escadas rolantes sem funcionar, remendos nos corredores e uma escarsa sinalização. Mesmo sendo habituada a viajar por diferentes países, senti uma certa dificuldade para me locomover pela cidade até entender a sua dinâmica, ou melhor, a sua desorganização. O cansaço e a irritação passaram à noite, durante um ótimo jantar às margens do porto, finalizado com o docíssimo creme catalão. A cozinha catalã ganhou projeção internacional com o chef Ferran Adrià, cinco vezes eleito o melhor chef do mundo pela importante revista de gastronomia Restaurant. Infelizmente, não tive a oportunidade de experimentar os criativos pratos do chef em seu restaurante El Bulli, localizado na Costa Brava, a 164 Kms de Barcelona. O restaurante fica aberto apenas na temporada de primavera-verão, de abril a setembro, pois nos outros 6 meses do ano o Chef Adrià se dedica ao estudo e aperfeiçoamento de suas receitas em seu laboratório de Barcelona. Aqueles que não estão dispostos a viajar até a região do Golfo das Rosas ou a pagar os quase 300 euros pelo menu degustação (sem bebidas) do restaurante El Bulli, tem como opção mais prática e econômica o Bar Tickets dos chefs Ferran e Albert Adrià em Barcelona, especializado em tapas e com decoração moderninha. Aliás as Tapas e o Jámon são praticamente obrigatórios em Barcelona! Porém, se você for um(a) amante de cervejas, opte por alguma estrangeira porque as cervejas locais não merecem nenhuma atenção especial. Para dizer a verdade, passei a fugir delas depois de uma péssima primeira experiência. Uma outra boa opção para experimentar as delícias gastronômicas da Catalunha é o Mercado de La Boqueria na Rambla.
Com o estômago forrado, iniciei a minha incursão pelas joias arquitetônicas de Antoni Gaudì, um dos grandes influenciadores do movimento modernista catalão, que mudou a cara de Barcelona entre o final do século XIX e início do século XX. A arquitetura de Gaudì é singular, com atenção especial à luminosidade dos ambientes, obsessão do arquiteto que pode ser verificada em diferentes pontos da Sagrada Família, sua obra-prima ainda inacabada. O arquiteto assumiu a obra em 1883 e se dedicou a ela até a sua morte, em 1926. A conclusão da Sagrada Família está prevista para 2026, em comemoração ao centenário da morte de Gaudì. Não por acaso a Sagrada Família é um dos locais mais visitados de toda a Espanha, atraindo quase 4 milhões de pessoas anualmente. A imponente igreja deixa seus visitantes boquiabertos por vários aspectos, mas os detalhes externos merecem um bom tempo de admiração em cada uma de suas fachadas. Fiquei embasbacada com a riqueza de detalhes da Fachada da Natividade – única construída ainda durante a vida de Gaudì – e da Fachada da Paixão. É prevista ainda a Fachada da Glória, cuja construção foi iniciada em 2002. A Fachada da Natividade evoca a vida, o nascimento de Jesus. É dividida em três pórticos: o da Esperança à esquerda, o da Fé à direita e o da Caridade no centro, com destaque para a árvore da vida que simboliza o trinfo da vida de Jesus. Enquanto a Fachada da Natividade é exultante, a Fachada da Paixão, do outro lado do templo, é obscura, triste. Assim planejou Gaudì! A fachada dedicada à paixão de Cristo deveria transmitir dor e sofrimento. Quando estiver no interior da igreja, olhe para os lados, olhe para o chão e olhe para cima. Todos os cantos do templo estão repletos de detalhes magníficos, como a luminosidade natural e harmônica que adentra pelos vitrais e os símbolos de cada um dos 12 apóstolos na abóbada principal. No piso inferior, está a protegida Capela de Nossa Senhora do Carmo, onde Gaudì foi sepultado. Vale a pena também conferir o museu da Sagrada Família, onde estão expostos desenhos e maquetes elaborados por Gaudì, além de outros objetos relacionados ao projeto do templo.
Sugiro combinar o ingresso da Sagrada Família com a casa de Gaudì no Parque Guell, transformada em museu. Localizado na parte mais alta de Barcelona, o Parque Guell foi construído entre 1900 e 1914, originalmente destinado a ser um condomínio de residências de luxo, mas com o seu fracasso comercial acabou sendo vendido ao município de Barcelona que o transformou em parque público. Por causa das obras de Gaudì, o parque foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1984. Gaudì se mudou para o parque em 1906, pois assim além de poder tocar de perto as obras do parque e de ter uma excelente vista da cidade, estava convencido de que os ares do parque fariam bem à saúde frágil de seu pai que, ironicamente, venho a falecer poucos meses após a mudança. Na entrada principal do parque Gaudì construiu dois pavilhões destinados aos serviços do parque. O pavilhão maior era destinado à habitação do porteiro e sua família, sendo hoje parte do Museu da História de Barcelona; já o pavilhão menor era destinado à recepção dos visitantes dos moradores do parque, contando com uma ampla sala de visitas e acesso a dois terraços e ao mirante localizado em sua torre. Adentrando ao parque, nos deparamos com a monumental escadaria cercada por paredes revestidas de cerâmicas coloridas – marca de Gaudì – com três fontes centrais, destacando-se a terceira fonte feita na forma de um réptil multicolorido, que se tornou o símbolo do parque. No topo da escadaria encontra-se a Sala Hipostila, com suas mais de 80 colunas dóricas. Sobre essa sala fica a Praça Oval, uma grande área aberta com vista panorâmica para a cidade e o mar, o que rende magníficas fotos. Após ver a marca de Gaudì no núcleo do parque se imagina como seria a sua casa. Mas se você está imaginando uma construção repleta de mosaicos coloridos e formas originais pode se decepcionar, pois a casa na qual Gaudì viveu até 1925, quando se transferiu para a oficina da Sagrada Família, tem formas bem mais simples do que a casa construída para a família Batlló, por exemplo. Pintada em rosa com janelas verdes, a casa de Gaudì é circundada por árvores. No interior da casa é possível ver móveis feitos por Gaudì para as famílias Batlló e Calvet. Também é possível visitar o quarto do arquiteto tal como era quando ele ali habitava, com móveis simples e um oratório para as suas preces diárias. Após visitar a casa e o conjunto de obras de Gaudì na entrada principal do parque, entregue-se à beleza bucólica do lugar caminhando por entre os muros, pórticos e viadutos desenhados por Gaudì e construídos em pedra rústica. Caminhe sem pressa, mas com os olhos atentos às belezas que encontrará durante o percurso e parando aqui e ali para apreciar a bela vista da cidade de Barcelona.
Seguindo ainda as grandes obras de Gaudì, tomei o rumo da Ilha da Discórdia para visitar a Casa Batlló. Embora eu já tivesse visto inúmeras fotos da fachada da casa projetada por Gaudì para a família Batlló, uma das mais ricas de Barcelona no início do século XX, fiquei impressionada quando pude apreciar pessoalmente os detalhes de tão engenhosa obra. Os detalhes da fachada com suas sacadas em forma de máscaras são fascinantes! Para quem tiver a oportunidade de visitar a cidade em abril, por ocasião da festa da primavera, poderá apreciar essas mesmas sacadas totalmente decoradas com grandes rosas vermelhas, o que dá um charme ainda mais especial à fachada da casa. Outro destaque da fachada é a estrutura de colunas em forma de ossos e vitrais coloridos do primeiro andar, onde fica a sala principal da casa. E observando com atenção a parte superior da fachada, nota-se que a mesma possui a forma de um dragão com escamas coloridas entre verde, azul, viola e rosa. À esquerda, na cauda do dragão, está a torre com a “cruz de Gaudì”com cada uma das pontas apontando para um ponto cardeal. Aberta à visitação pública em 2002, o interior da casa Batlló revela outros encantos. Portas que além de conter formas ao melhor estilo gaudiano, revelam um inteligente sistema de passagem de ar (frio ou quente) de um comôdo a outro; vitrais que permitem a entrada harmoniosa de luz natural, formas de animais que remetem à ideia de natureza. Tem muito a se apreciar no interior da casa que, merecidamente, foi declarada Patrimônio Cultural da UNESCO. Vale a pena destacar a beleza do pátio interno, todo decorado em azulejos com um perfeito degradé de cores para equilibrar o efeito da iluminação natural do pátio. Olhando o pátio de baixo para cima tem-se a impressão de que os azulejos são todos da mesma cor. O último andar da casa era dedicado aos empregados domésticos e ao serviço de lavanderia, mas nem por isso Gaudì se descuidou desse andar. Nos corredores foram construídos 60 elegantes arcos centenários que serviam de sustentação para o teto, cuja forma lembra as costelas de um grande animal. Chegando ao teto da casa, se pode apreciar de perto o grande conjunto de chaminés, todas decoradas com cerâmicas coloridas e vidro, uma das marcas de Gaudì.
Continuando o passeio pela charmosa Passeig de Gràcia, repleta de lojas de grifes internacionais, restaurantes e hoteis de luxo, chega-se a outra importante obra de Gaudì, a Casa Milà, também conhecida como “La Pedrera”. Nem todo o edifício está aberto à visitação pública, mas é possível visitar o Espaço Gaudì, onde se entende melhor a obra do arquiteto catalão através de suas maquetes e de recursos audivisuais, além da exposição de objetos que remontam à vida e obra do artista. Mas o ponto alto do edifício é mesmo a sua cobertura ondulada, com as chaminés e as torres de ventição de traços singulares. Para quem deseja viver uma experiência diversa, vale a pena visitar a Casa Milà também à noite, quando ocorre um espetáculo audiovisual chamado “The Origins”, com efeitos de luz e som para “viajar” até a origem da vida, a essência de todas as obras de Gaudì. No meu terceiro dia em Barcelona e após visitar as principais obras de Gaudì pela cidade, cheguei à conclusão de que Barcelona é Gaudì! A influência do arquiteto modernista está por todo o bairro de Eixample, na parte mais nova de Barcelona. Claro que a cidade conta com outras belezas arquitetônicas, mas as obras de Gaudì foram fundamentais para fazer de Barcelona uma das cidades mais visitadas da Europa, superando Madri já a algum tempo com seus mais de 17 milhões de visitantes por ano.
Depois de uma verdadeira imersão no modernismo catalão, era chegada a hora de visitar a Barcelona antiga. Segui então para o centro histórico da cidade, injustamente relegado pela maioria dos turistas. Depois de passar pela muvucada Rambla, peguei a direção da Catedral. O prédio foi construído entre os séculos XIII e XV em estilo gótico no local da antiga catedral românica. Diferentemente da Sagrada Família, a catedral recebe pouquíssima luz natural, o que a deixa constantemente escura. Na parte interna central da igreja fica o coração, com 64 assentos feitos de forma reservada para Carlos V, Maximiliano I, 50 cavaleiros e alguns outros personagens ilustres do século XVI, quando foi construído. Ao lado da catedral fica o Museu de História da Cidade, cujo subsolo exibe escavações romanas, inclusive restos da basílica paleocristã do século VI. Vagueando pelas ruas do centro histórico de Barcelona, podemos apreciar ainda as belas fachadas do Palau de la Generalitat (sede do Governo da Catalunha) e a Casa de la Ciutat (sede da Prefeitura de Barcelona), entre os vários cafés, pubs e restaurantes das ruas antigas da cidade.
Aproveitei que a minha última noite em Barcelona era uma sexta-feira para assistir ao espetáculo de luzes e som na Fonte Mágica, localizada de frente para o Palácio Nacional, na Praça da Espanha. Em regra, o show começa às 19:00 horas, mas sofre alteração durante o verão quando escurece tarde na cidade, por isso vale a pena confirmar o horário in loco. A grande e bela praça é tomada por uma horda de turistas de todo o mundo que competem com os carros por espaço na Gran Via. Embora o espetáculo tenha uma duração de 2 horas, é preciso chegar cedo lá para garantir um bom lugar e os melhores ângulos para os seus selfies. E foi entre jatos de água coloridos que me despedi de Barcelona, a Barcelona de Gaudì, a Barcelona de Adrià, a Barcelona de todos nós!
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