Foz do Iguaçú
A Maravilha Natural do Mundo

“Mas o Brasil também é lindo!” Ouvi essa frase muitas vezes em tom de crítica por causa das minhas muitas viagens ao exterior e nem tantas pelo meu próprio país. Por questões familiares, profissionais e também por opção acabei focando muito na Europa, mas estou me redimindo por esses anos em que transcurei o meu Brasil. E foi nessa busca pelas maravilhas do Brasil que mergulhei nas Cataratas de Foz do Iguaçú, uma das Sete Maravilhas da Natureza e Patrimônio Natural da Humanidade.

Em uma votação popular internacional, promovida pela Fundação New7Wonders e liderada por Bernard Weber, que reuniu votos ao redor do globo durante mais de 2 anos, as Cataratas de Foz do Iguaçú desbancou pesos pesados como o Mar Morto no Oriente Médio, a Grande Barreira de Corais da Austrália, o Kilimanjaro na Tanzânia, o vulcão Vesúvio na Itália, a montanha de Matterhorn entre Suíça e Itália, o Grand Canyon nos Estados Unidos e as ilhas Maldivas. Independente das críticas que se pode fazer em uma votação popular, é fato que as Cataratas do Iguaçú são de uma exuberância ímpar!

Decidida a explorar as cataratas em todos os seus ângulos, comecei pela parte brasileira, que conta com uma vista panorâmica das mesmas, graças ao fato de que a maioria dos saltos se localizam no lado argentino, mas voltados para o lado brasileiro. Embora as Cataratas do Iguaçú possam ser visitadas em qualquer época do ano, é durante o período de cheia – entre os meses de outubro a março – que o espetáculo natural ganha ainda mais beleza. Nessa época, a vazão de água do rio pode atingir até 8.500 m3/segundo! Organizei a minha visita em feveireiro e, assim, pude conferir as maiores quedas d´água de Iguaçú, que chegam a atingir 80 metros de altura no período de cheia! Aliás, foi olhando estupefata para a grandiosidade das cataratas que refleti sobre como foi bem apropriada a utilização da palavra “iguaçú” para dar nome a elas, já que seu significado em tupi-guarani é “água grande”. Para se ter uma ideia melhor da altura das cataratas, basta se aproximar delas. Com o passeio de bote Macuco Safari, é possível chegar bem pertinho da queda das cataratas, passando por debaixo delas e sentindo no corpo os fortes jatos de água. Nesse instante me dei conta de como somos pequenininhos diante da “água grande”. Considerando ainda que as Cataratas do Iguaçú são fruto de um acidente geográfico ocorrido a cerca de 200 mil anos, ao apreciar tamanha beleza me recordei de uma frase dita inúmeras vezes pela minha mãe: “a natureza é sábia”. Dei mais uma olhada para a beleza estonteante das cataratas e agradeci à natureza por nos ter proporcionado essa maravilha natural!

No dia seguinte fui explorar as cataratas pelo lado dos “hermanos”. Se do lado brasileiro temos uma vista panorâmica das quedas d´água, no lado argentino as passarelas nos conduzem ao local mais próximo possível do topo das cataratas, causando uma sensação diversa e igualmente maravilhosa. O ponto alto do passeio na parte argentina é chegar até a Garganta del Diablo, a maior de todas as queda d´agua do Iguaçú. A pressão da água na Garganta del Diablo é tanta que além de molhada, fiquei um pouco surda por causa da barulheira que faz ali. Sensação? Indescritível. Me vem em mente palavras como maravilhosa, linda, encantadora, impressionante e incrível, mas nenhuma delas me parece adequada o bastante para descrever a sensação de sentir com tanta proximidade a força e a beleza da natureza em todo o seu esplendor! Para finalizar o dia no Iguazú, fui experimentar o passeio de bote em águas argentinas. Em meio a um animado grupo de argentinos, me diverti imensamente com as manobras cheias de emoção do condutor do bote. Molhada e contente, me despedi do Parque do Iguazú para retornar a terras brasileiras.

Além das incríveis cataratas, o Parque do Iguaçú conta também com outras belezas naturais. Abrigando o maior remanescente da Floresta Atlântica da região sul do país, o parque conta com uma grande biodiversidade da fauna e flora brasileira, inclusive com espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, a puma, o jacaré-de-papo-amarelo, o papagaio-de-peito-roxo entre outras. Administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o parque de mais de 600 mil hectares de áreas protegidas e outros 400 mil hectares de florestas primitivas, é um belo exemplo na integração entre a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. A infraestrutura interna do parque, com ótima qualidade de transporte, sinalização e serviços, nada fica a dever aos melhores parques naturais da Europa. Além dos passeios em bote pelo rio Iguaçú, também vale a pena pôr as pernas em ação nas trilhas que o parque oferece. A Trilha da Bananeira, por exemplo, tem 1,5 km de extensão e pode ser feita em cerca de 2,5 horas, combinando caminhadas ou veículo elétrico com barco a motor. Durante o passeio, além dos sempre presentes quatis e borboletas, é possível ver espécies da fauna e flora local e chegar até o cais do Poço Preto, além de parar no arquipélago Ilha das Taquaras. Outro passeio incrível é alugar um helicóptero para sobrevoar as cataratas. Os voos panorâmicos duram 10 minutos e sobrevoam o parque e as cataratas, proporcionando vistas espetaculares da região.

Ir até a cidade da Tríplice Aliança e não aproveitar para fazer umas comprinhas em Ciudad del Este é um pecado grave que eu não cometi! Entre um banho e outro de piscina, dei um pulinho no Paraguai para bancar a muambeira – e não me arrependi. Claro que é importante tomar cuidado com as mercadorias made in Paraguay e ir aos lugares que comercializam mercadorias oficiais, mas é possível encontrar categorias de produtos a preços bem vantajosos. Tentei recuperar o valor gasto em compras fazendo uma fezinha no Casino Iguzu, mas a noite tranquila não estava muito favorável… De qualquer forma, valeu pela diversão! Me consolei pelo azar no jogo com um excelente jantar e ótimo vinho, porque em Foz do Iguaçú não tem mesmo tempo ruim.

No meu último dia na cidade fui visitar a Usina de Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo. A usina binacional foi contruída entre 1974 e 1982, através de um acordo entre Brasil e Paraguai. A Visita Panorâmica permite aos visitantes conhecer um pouco mais sobre a história da usina através de um filme exibido logo no início do passeio, antes de prosseguir para conhecer a parte externa a bordo de um ônibus panorâmico. Com paradas no Mirante Vartedouro e no Mirante Central, se tem uma excelente visão da barragem onde estão instaladas as 20 grandes unidades geradoras, sendo cada uma delas responsável pela geração de 700 megawatts de energia. Já para quem se interessar em saber mais sobre a usina, Itaipu oferece o Circuito Especial, no qual além de visitar a parte externa, se visita também o interior da usina, conhecendo com maiores detalhes a engenhosidade de Itaipu. Nesse passeio, está incluída a visita à sala de comando central, onde técnicos brasileiros e paraguaios monitoram a produção. Embora não seja o maior atrativo da cidade de Foz do Iguaçú, vale muito a pena dedicar algumas horas para conhecer Itaipu.

Assim, entre a engenhosidade humana e a imensidão da beleza natural das cataratas, me despedi de Foz do Iguaçú com gostinho de quero mais.