O Mundo da Barbie

O Mundo da Barbie

A Barbie deixou a Barbielândia para encarar o mundo real, mas o que a icônica boneca pode nos ensinar sobre empoderamento feminino, diversidade e inclusão?

Mesmo antes do lançamento do filme da Barbie na última quinta-feira (20), uma onda rosa tem tomado conta do mundo. O efeito Barbiecore está em toda parte, de roupas e sapatos a utensílios domésticos, passando por uma infinidade de outras categorias de produtos, indo muito, muito além dos brinquedos da Mattel. Mas afinal, o que essa boneca tem de tão especial para ter saído do universo de brinquedos para se tornar um ícone?

Diversas teorias são ventiladas sobre o sucesso da Barbie ao longo de tantas décadas, tendo sido o objeto de desejo de crianças de diferentes gerações. Mas, segundo o grupo no qual me enquadro, o sucesso da Barbie se deve ao fato de ela sempre ter estado na vanguarda de seu tempo. A Barbie nasceu em 1959 numa época em que as mulheres eram criadas para serem excelentes donas de casa e mães de família. E sim, a Barbie já representou as donas de casa, e qual o problema nisso? A Barbie é a representação de todas as meninas – e mulheres –, já tendo vestido o uniforme das mais diversas profissões, desde policial à comissária de bordo, passando por astronauta e bailarina. A Barbie já foi roqueira e já foi hippie; já foi noiva e já foi rebelde. Já teve coleção assinada por muitos estilistas famosos e já representou mulheres de diversos países, além de grandes ícones como Marilyn Monroe e a Princesa Grace Kelly de Mônaco. E mais de uma década atrás se transformou em Elvis Presley para homenagear o Rei do Rock. Apenas uma diva como a Barbie poderia ter uma exposição nos maiores museus do mundo, como a “Barbie – The Icon” que tive o prazer de ver no Museu da Cultura (Mudec) de Milão em 2016.

Ao longo das décadas a Barbie foi incorporando novas tendências e influenciando gerações de meninas que cresceram admirando o mundo da Barbie. Essa característica marcante da boneca mais famosa do mundo está presente no filme, claro. A Barbie continua sendo aquela loirinha magra e linda, porque existem loirinhas magras e lindas no mundo. Mas também tem a Barbie preta (parece que agora é errado dizer negra) e linda, porque tem muitas pretas e lindas no mundo. Tem a Barbie morena e linda, porque tem uma infinidade de morenas e lindas no mundo. Tem a Barbie ruiva e linda, porque tem muitas ruivas e lindas no mundo. E tem a Barbie gorda e linda, porque tem muitas gordas e lindas no mundo. E claro que tem a Barbie com deficiência e linda, porque tem incontáveis deficientes e lindas no mundo. Também tem a Barbie trans porque o mundo tem muitas mulheres trans que precisam ser verdadeiramente representadas, mas para quebrar o preconceito e não por modismo da hipocrisia que domina o politicamente correto. Acredito que o sucesso da Barbie esteja em justamente representar os mais diversos tipos de mulheres, incluindo todas essas mulheres em sua Barbielândia, sem excluir nenhuma delas. Talvez o que o mundo real precise seja justamente de um chacoalhão da Barbie para entender que inclusão não se faz gerando novas exclusões. E todas as mulheres podem – e devem – se sentir lindas e empoderadas, mesmo que tenham o pé chato.

 

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