Costa Amalfitana – SuoViaggio Edição n. 20
Zélia Rodrigues - PublisherRevistas Publicadas Europa, Itália, Revistas 2018
Costa Amalfitana
Nessa deliciosa viagem, percorremos o trecho de Sorrento a Ravello, com direito a uma escapadinha em Capri. Com os seus pequenos vilarejos debruçados sobre o mar azul turquesa do mediterrâneo, os pequenos vilarejos da Costa Amalfitana são de uma beleza indescritível.
Difícil mesmo será escolher o seu lugar preferido em meio a tantas maravilhas!
Costa Amalfitana
Curvas pra que te queroA cada curva, com os joelhos rentes ao asfalto, me vinha uma empolgante sensação de adrenalina. Cheguei a sentir vontade de fechar os olhos até a chegada ao destino, mas o total encantamento pelas belas paisagens à minha direita me fez manter os olhos bem abertos. O vento no rosto coroava a maravilhosa sensação de liberdade que experimentava na garupa daquela vespa. Uma parada em um dos muitos mirantes da costiera, entre Positano e Amalfi, me proporcionou uma das vistas mais lindas de toda a região. Com a Grotta dello Smeraldo ao fundo, admirei todo o entorno e me rendi à estonteante beleza daquele lugar. Foi assim que, 10 anos atrás, percorri pela primeira vez as estradas estreitas e sinuosas da Costa Amalfitana, no Sul da Itália. A magia, a beleza e o romantismo desse lugar me fizeram retornar para a minha viagem de lua de mel. Com esse clima de romance no ar – escrevo essas linhas em pleno Dia dos Namorados –, não poderia escrever sobre um lugar mais romântico e encantador do que a Costa Amalfitana!
Localizada na região da Campania, ao sul de Nápoles, a Costa Amalfitana vai de Sorrento (ao norte) a Salerno (ao sul), mas prefiro deixar a caótica e nem tão bonita Salerno de lado para me ater ao trecho mais bonito da região, entre Sorrento e Ravello. São apenas 40 kms de distância pela estrada que beira a costa, chamada carinhosamente de costiera, mas o tempo para percorrer esses poucos quilômetros é bem relativo. Nos meses de verão, o trânsito local nos faz sentir saudade do trânsito de São Paulo em dia de chuva, mas o cenário compensa – e muito – o tempo parado na costiera. Pequenos vilarejos debruçados em inacreditáveis penhascos de rocha, com o mar azul turquesa do Mediterrâneo abaixo, compõem a paisagem que, às vezes até parece a de um quadro, tamanha a sua perfeição.
A principal porta de entrada para a região é a cidade de Sorrento, por ser a mais próxima de Nápoles e contar com uma estação ferroviária que liga a região à capital da Campania. Do alto de suas falésias, Sorrento proporciona algumas das mais lindas vistas do mar e do resto da região, inclusive da bela e exclusiva Ilha de Capri. Embora o mar azul seja o grande protagonista da cidade, também vale a pena fazer uma caminhada tranquila e sem pressa pelo centrinho da cidade, no entorno de sua principal praça, a Piazza Tasso, cujo nome homenageia o poeta sorrentino Torquato Tasso. Restaurantes e cafés com mesinhas ao ar livre são perfeitos para apreciar o vaivém de locais e turistas, sempre na ótima companhia das delícias da culinária do sul da Itália. A bela arquitetura local unida à imensidão do mar azul turquesa resulta numa incrível combinação de charme e romantismo. Assim é Sorrento!
Continuando pela costiera, chegamos a Positano, a cidade mais famosa e glamourosa da região. Com suas construções em meio às rochas, a cidadezinha desafia às leis da gravidade. E assim, cheia de charme, vai conquistando os corações de seus visitantes. Enquanto caminhava pelas ruas estreitas de Positano em direção à praia, olhava insistentemente para as janelas das casas, com a esperança de que o Raul Bova saísse em uma das sacadas, como na versão cinematográfica de Sob o Sol da Toscana, mas para a minha tristeza, nem sempre a vida imita a arte. Mas, mesmo sem a beleza do Raoul Bova, Positano é puro deleite! A praia de Positano pode despertar uma certa decepção aos brasileiros, por causa de suas areias grossas e escuras, quase pretas. Porém, a explicação também tem o seu charme. Por estar em uma região vulcânica – o Vesúvio está ali pertinho – as areias foram tomando essa forma escura e grossa, mas o mar, ah, o mar… é de um azul turquesa impressionante! Lá da praia, a vista de suas construções é um espetáculo ainda mais impressionante. Acompanhada de um Bellini, decidi apreciar o pôr do sol em um bar à beira da praia. E quando a noite começa a cair e as luzes da pequena cidade se acendem, o espetáculo se completa. Positano, de qualquer ângulo, é puro charme e beleza!
A próxima cidade é Amalfi, cuja importância de seu porto deu nome a toda a região. Se séculos atrás o porto de Amalfi era um dos principais portos mercantis do sul do país, hoje é o principal porto de partida e chegada de turistas na Costa Amalfitana. É de lá que partem as pequenas embarcações para explorar o mar da região, além de embarcações maiores para Capri e Nápoles. A pequena praia de Amalfi é um convite para curtir o sol e o mar e esquecer da vida. Mas, também vale a pena bater perna pelo centrinho da cidade, dominado pelo belo Duomo do século IX e cuja torre domina o panorama da cidadezinha. Atenção apenas para carros, motos e bicicletas que disputam cada centímetro das estreitas ruas com os pedestres que, compreensivamente, se distraem com as muitas lojas, bares e restaurantes do local. Alongando um pouco mais a caminhada, se chega em Atrani, a cidadezinha vizinha. Com as suas construções predominantemente brancas e ruelas que formam um verdadeiro labirinto, Atrani se parece com uma ilha grega, mas fica bem no coração da Costa Amalfitana. E para fechar com chave de ouro, não há nada como curtir o pôr do sol em Amalfi bebericando um copinho de limoncello, a bebida típica da Costa Amalfitana.
Como viajante, sempre tive uma característica um tanto particular. Enquanto a maioria das pessoas, quando vão a países estrangeiros, preferem as capitais, eu sou aquela que busca as cidades menores, porque normalmente são as mais encantadoras. Mas, considerando que a Costa Amalfitana já é uma região de paesini (cidadezinhas), é evidente que a viagem seria apenas por cidades pequenas. Mesmo assim, encontrei o pequeno dentro do pequeno! Muitas vezes ignorados pelos viajantes que se deslocam entre Positano e Amalfi, ficam os encantadores vilarejos de Praiano e de Conca dei Marini. Em meios às rochas, Praiano é um pequeno tesouro da costiera e, embora possa passar despercebido, é protagonista de algumas das mais lindas vistas da Costa Amalfitana. Relaxar na sua pequena praia é uma das melhores coisas que se pode fazer em uma viagem pela região. Já Conca dei Marini é um antigo vilarejo de pescadores que por um longo tempo também foi habitado por marinheiros. A origem do seu nome reside em sua formação, que lembra as formas de uma concha. Em seu pequeno porto ainda desembarcam os barcos de pescadores, com peixes e outros frutos do mar fresquíssimos, que merecem ser saboreados com calma em um dos restaurantes do pequeno vilarejo, hoje mais voltado ao turismo do que à pesca. É no território de Conca que fica uma das maiores joias da Costa Amalfitana, a Grotta dello Smeraldo. Essa gruta foi descoberta por acaso em 1932 pelo pescador Luigi Buonocore. Os efeitos da maré em conjunto com a luz do sol, dão um efeito de cor verde esmeralda à água no interior da gruta, formando um maravilhoso espetáculo natural de luz. Imperdível!
Na época em que os portos de Amalfi e Sorrento estavam em pleno vapor, os constantes ataques de piratas se tornaram um grande problema para os nobres da região. Então, para evitar os saques dos piratas, os nobres se transferiram para o pequeno vilarejo no alto da colina, de onde tinham uma vista ampla da costa e do mar, podendo, desta forma, se protegerem melhor de qualquer invasão de piratas. E assim nasceu Ravello!
A melhor forma de explorar a pequena Ravello é pelo interior de suas vilas. Comecei pela Villa Cimbrone, a mais antiga, cuja primeira construção data do século XI, quando os nobres de Amalfi começaram a transferir suas propriedades para o pequeno vilarejo no alto da colina. Depois de muitas e profundas reestruturações, pouco sobrou da vila original, pois a atual construção é do início do século XX, mas a beleza continua ímpar. Na atual vila funciona um hotel de luxo, mas o jardim da propriedade está aberto ao público e merece – muito – uma visita. O jardim é lindo e repleto de esculturas em mármore branco, formando um museu ao céu aberto. O ideal é percorrê-lo sem pressa, apreciando todas as belezas vistas em seu interior e no exterior também, pois de cada ângulo se tem uma vista mágica do mar e de toda a costa. Embora todo o jardim seja bonito, o ponto alto é o belvedere, decorado com diversos bustos em mármore branco, com o mar azul turquesa ao fundo como testemunha. As vistas ao longo do belvedere são tão lindas que o lugar passou a ser carinhosamente chamado de “terraço do infinito”. Esse ponto da vila, merecidamente, estampa muitos dos cartões-postais da região. A outra vila emblemática de Ravello é a Villa Rufolo, que foi construída no século XIII e serviu de inspiração para o romance “Decameron” de Boccaccio. Nessa vila também se hospedou por muitas temporadas o compositor lírico alemão Richard Wagner. Foi nela que Wagner compôs o segundo ato de sua famosa ópera Parsifal. Apreciando o cenário paradisíaco do lugar fica fácil de entender a fonte de inspiração de Wagner. E para manter a áurea artística do local, durante os meses de verão, muitos concertos são realizados nos jardins da vila. E que jardins! Muito provavelmente você já viu uma foto de Ravello com a vista incrível que se tem da Villa Rufolo, pois é uma das mais bonitas da região – na minha opinião, a mais bonita. A Torre Maggiore, atualmente, funciona como um museu. E na vila são expostas obras de arte e objetos antigos. Mas, o melhor de tudo, é que não é necessário escolher entre a Rufolo e a Cimbrone, porque em 1 dia de visita a Ravello podemos desfrutar dessas duas vilas incríveis! Para fechar o dia com chave de ouro, uma voltinha pelo centro de Ravello, com direito a parada em um dos restaurantes da Piazza Vescovado para um aperitivo enquanto “debatemos” sobre a vista mais bonita da Costa Amalfitana.
Tanto de Sorrento como de Amalfi partem barcos diários – sempre que a maré permite – para a Ilha de Capri. Estando na Costa Amalfitana, é possível fazer um bate-volta em Capri, graças às muitas opções de horários das embarcações, o que compensa e muito. Capri ficou conhecida em todo o mundo quando o jet set internacional passou a frequentar a ilha em suas férias de verão, mas esse paraíso já era a principal meta de verão de ricos e poderosos desde a época do Império Romano, tanto que os imperadores romanos Tibério e Otaviano construíram seus palacetes de verão por lá. Uma vez em Capri se entende perfeitamente porque essa ilha se tornou uma das principais metas das férias de verão na Europa. A ilha não é grande, mas tem muitas elevações, então explorá-la com caminhadas não é lá tão fácil para quem não tem bom preparo físico. Mas, como Capri é só vantagem, a alternativa é conhecê-la pelo mar. Tem passeios de barco que circundam toda a ilha, passando pelas mais belas formações rochosas da região, como os maravilhosos Faraglioni. Pelo mar, também é possível fazer uma parada para entrar na maior e mais linda atração de Capri, a Grotta Azzurra. O acesso à gruta é somente através de pequenos barquinhos e, mesmo assim, é necessário abaixar a cabeça, pois a entrada é pequena e baixa. Mas, lá dentro é puro êxtase! O fato de a gruta ter apenas uma pequena entrada de luz solar, acaba que a luz de forma contida refletida na água gera um efeito visual estupendo, com um tom de azul que parece ter saído de uma paleta de cores da Pantone, tamanha a sua perfeição e beleza. A visita na gruta é controlada e dura apenas 5 minutos, mas foram os 5 minutos mais mágicos da minha viagem a Capri! Confesso que depois de ter visto um espetáculo tão lindo, acabei ficando menos deslumbrada diante de outras atrações deslumbrantes da ilha, como a deliciosa praia de Marina Piccola, mas quem visita a Grotta Azzurra é capaz de me entender.
Ao fim da viagem pela Costa Amalfitana, fica muito difícil escolher o melhor da região. Mar azul turquesa, vilarejos praticamente debruçados sobre o mar, vilas magníficas, estradas com mil e uma curvas… tudo é puro charme nesse lugar. Afinal, a Costa Amalfitana é um lugar para apaixonados e para se apaixonar!
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