Vinho & Eu: Cepas Tintas

Cepas Tintas

Conheça as principais e mais célebres cepas tintas do mundo

Dando sequência ao tema das cepas, iniciado na coluna anterior (leia aqui), hoje abordaremos especificamente o grupo das cepas tintas. Como vimos no artigo anterior, existem milhares de cepas categorizadas, sendo uma grande parte delas de cepas tintas, então nos ateremos aqui às cepas mais difusas no mundo e base dos vinhos finos mais conhecidos.

Cabernet-sauvignon

A mais difusa e célebre cepa tinta é a cabernet-sauvignon. Essa cepa teve a sua origem há mais de três séculos na região francesa de Bordeaux, a partir do cruzamento da cabernet franc com a sauvignon blanc, como já se depreende do nome da cepa. A grande adaptabilidade da cabernet-sauvingon garantiu com que a cepa possa ser cultivada em diferentes tipos de terroir, desde que tenha uma insolação superior a 1.500 horas por ano, daí a facilidade com que essa cepa saiu da França para ser cultivada em diferentes partes do mundo, tornando-se a principal cepa para a produção de vinhos tintos finos do mundo.

Os vinhos produzidos a partir da cabernet-sauvingon são vinhos de guarda, ou seja, vinhos que podem e devem envelhecer, melhorando ao longo dos anos e podendo durar décadas, desde que conservados da forma justa. Os vinhos de Bordeaux têm a cabernet-sauvignon como a sua cepa principal, pois ela dá estrutura aos vinhos.

Merlot

Embora seja menos célebre do que a cabernet-sauvignon, a merlot está entre as principais e mais apreciadas cepas tintas. Sabe-se pouco sobre a origem dessa cepa, que passou a ser conhecida apenas no século XIX, mas é pacificado o entendimento de que seja oriunda da região francesa de Bordeaux. Os solos ideais para o cultivo da merlot são argilocalcário e fresco, tendo se difundido muito na região norte da Itália, na região americana da Califórnia e na América do Sul.

Os vinhos produzidos com a merlot, em geral devem ser consumidos jovens, pois essa cepa não conta com as características necessárias para vinhos de guarda. Porém, quando a merlot é associada a outras cepas, se extrai vinhos de guarda de uma excelente complexidade. Por suas características, os vinhos produzidos com a merlot são macios, elegantes, frutados e aromáticos, o que fez com que essa cepa se transformasse em uma das principais cepas dos grand crus de Bordeaux.

Pinot Noir

A vinha Pinot é antiquíssima, remontando ao século I, quando era conhecida como Columelle. Embora não se saiba exatamente onde surgiu a pinot, supõe-se que seja uma planta oriunda da região francesa de Borgonha.  A pinot é uma vinha muito instável, daí ter originado uma “família” diversificada, com cepas tintas e brancas. Dessa família, uma das irmãs mais conhecidas é a Pinot Noir, de cepas tintas e de grande sensibilidade ao terroir, por isso, não é comum encontrar o cultivo de pinot noir em muitas partes do mundo.

A delicadeza da pinot noir faz dessa vinha uma das mais nobres das cepas tintas, sendo muito utilizada nos vinhos da Borgonha e de Champagne, sendo um ingrediente fundamental na produção de um grande espumante rosé.

Nebbiolo

A cepa nebbiolo é originária da região italiana de Piemonte, sendo considerada a maior contribuição da Itália ao seleto grupo de cepas clássicas. Supõe-se que a nebbiolo exista no Piemonte desde a época do Império Romano, mas ela só passou a ser fortemente conhecida no século XIX, quando se iniciou a produção vinícola na região do Barolo. A nebbiolo é uma das cepas mais restritas em termos de terroir, sendo cultivada praticamente apenas no Piemonte. Nem mesmo em outras regiões do norte da Itália essa cepa é cultivada.

Rica em taninos e com grande acidez, a nebbiolo produz um dos vinhos tintos mais equilibrados, complexos e longevos do mundo, o Barolo, cujo tempo mínimo de envelhecimento é de 3 anos. O Barolo é um vinho de guarda por excelência, podendo ser conservado por várias décadas, desde que respeitadas as condições corretas de armazenamento.

Sangiovese

A sangiovese é outra cepa tinta clássica originária da Itália, especificamente da região das colinas da Toscana e da Romagna, no centro do país. Enquanto a nebbiolo é cultivada em uma área muito restrita, a sangiovese é a cepa mais difusa pelo território italiano, sendo cultivada em mais de 10% do território de vinhedos da Itália. Embora a sangiovese não seja muito cultivada fora da Itália, é conhecida em todo o mundo, por ser a cepa base do Chianti e do Brunello di Montalcino, dois dos melhores e mais célebres vinhos da Itália.

Assim como a nebbiolo, a sangiovese é rica em taninos e contém elevada acidez, mas pode gerar diferentes tipos de vinhos, desde exemplares mais simples até vinhos complexos e longevos, como o Brunello di Montalcino, produzido de forma monocepa (100% sangiovese).

Se você tiver dúvidas, comentários ou sugestões sobre o universo dos vinhos, escreva para mim em [email protected].

Foto: divulgação