Vinho & Eu: Origem e Significado da Terminologia DOC

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Origem e Significado da Terminologia DOC

Se ouve muito sobre os vinhos DOC. Mesmo que algumas pessoas não compreendam exatamente o porquê de um vinho ter essa classificação, fica claro que se trata de algo que enaltece a qualidade do vinho. Mas, enfim, o que exatamente significa e no que impacta a classificação de um vinho como DOC? Para entender melhor esse ponto, precisamos buscar a sua origem.

A terminologia DOC significa Denominação de Origem Controlada. Essa classificação foi criada na França em 1930, fruto da batalha do Barão Leroy de Boiseaumarié, um vinicultor da região de Châteauneuf-du-Pape, no sul da França. Nessa época, os vinhedos franceses estavam à beira da ruína, em um processo de decadência iniciado na segunda metade do século XIX, quando os vinhedos franceses foram atingidos por uma praga chamada filoxera, oriunda dos Estados Unidos e extremamente resistente a todas as técnicas de combate às pragas até então conhecidas. A filoxera atingiu todos os vinhedos da Europa e matava as vinhas lentamente, ao sugar a seiva de suas raízes. Foram quarenta anos de luta contra o parasita até se descobrir uma forma eficaz de eliminar a praga.

Em meio à devastação causada pela filoxera, o Barão Boiseaumarié decidiu salvar os seus vinhedos abandonando as “facilidades” da produção em larga escala e se concentrando nas cepas de alta qualidade e eliminando as cepas de qualidade medíocre, mas de alto rendimento, muito utilizadas até então. Além disso, preconizou uma fixação de teor alcóolico máximo, assim como o limite de rendimento por hectare plantado. Foram cerca de 10 anos de luta junto aos demais produtores e legisladores franceses, até que em 1930 foi editada a lei que estabeleceu o estatuto dos vinicultores da região de Châteauneuf-du-Pape, com a denominação de origem controlada. Assim, a terminologia DOC passou a ser utilizada de forma exclusiva nos vinhos produzidos em Châteauneuf-du-Pape, até hoje considerada uma das regiões vinícolas de maior prestígio do mundo.

A partir do sucesso da batalha do Barão Boiseaumarié, outras grandes regiões vinícolas seguiram os passos de Châteauneuf-du-Pape e estabeleceram as regras de denominação de origem controlada, vindo a serem estabelecidas em Champagne em 1935, Vale do Loire, Bordeaux e Bourgogne em 1936 e assim sucessivamente em outras regiões francesas. Na Itália, outro país com forte tradição em vinicultura, a implementação de uma lei que determinasse a origem controlada das principais zonas vinícolas só ocorreu na década de 1960.

Posteriormente, foi introduzida a terminologia “garantida” aos vinhos produzidos sob os rígidos critérios estabelecidos nos estatutos, criando o termo DOCG, ou seja, Denominação de Origem Controlada e Garantida. Os produtores do Brunello di Montalcino, na região italiana da Toscana, figuram entre os primeiros a poderem utilizar a terminologia DOCG em seus vinhos. Com o tempo, tornou-se bastante comum na Itália e na França a dupla classificação em vinhos de alta qualidade.

Assim, as principais regiões vinícolas do mundo mantêm a exclusividade do uso do nome da região, de modo que um vinho somente é Châteauneuf-du-Pape, Bordeaux, Chianti, Brunello, Champagne, Franciacorta etc se produzidos dentro do território estabelecido de cada uma dessas regiões, além de respeitarem os rígidos critérios estabelecidos para manter a alta qualidade da produção vinícola.

 

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Foto: Jarrod Doll