Vinho & Eu: Uma viagem pelos vinhos uruguaios
Vinho & Eu: Uruguai
Uma viagem pelos vinhos uruguaios
Em meio à grande produção vinícola de vizinhos como Chile e Argentina, o Uruguai acaba sendo esquecido quando se trata de vinhos. Porém, a vinicultura está presente no país desde o século XVIII, antes mesmo da independência uruguaia. Com um clima favorável às vinhas, o país já começa a ocupar papel de destaque no mundo da vinicultura, com alguns exemplares atingindo ótimos níveis de qualidade internacional.
A maioria dos vinhedos está concentrada no sul do país, sobretudo nos arredores da capital Montevidéu. A região de Canelones, localizada a cerca de 50 kms de Montevidéu e nas proximidades do Oceano Atlântico, é responsável por mais da metade da produção do país, destacando o cultivo da Tannat. Outras regiões que merecem destaque são a de Maldonado e a de Colônia, embora comecem a ganhar expressão os pequenos vinhedos localizados mais ao norte do país, nas proximidades com a fronteira com o Brasil.
Em se tratando de uvas, a Tannat é a joia da coroa do Uruguai. Tendo a sua origem no sudoeste da França, a uva foi levada ao Uruguai por imigrantes bascos e se adaptou perfeitamente bem ao terroir uruguaio, representando cerca de ⅓ da produção total. O clima úmido das zonas costeiras, associado a solos argilosos e arenosos, formam uma combinação perfeita para o desenvolvimento dessa cepa. Os vinhos da Tannat são encorpados, com coloração escura e aroma de frutas negras e especiarias. Com taninos firmes e riqueza de acidez, é um vinho que rende muito com o amadurecimento em barris, sendo, portanto, um vinho de guarda (10 anos).
Outras cepas de destaque na produção uruguaia de vinhos tintos e rosés são a merlot, a cabernet-sauvignon e a cabernet franc. Muitas vezes essas cepas são misturadas à tannat. O país também produz bons vinhos brancos através das cepas de chardonnay, sauvignon blanc, viognier e muscat, utilizadas também na produção dos vinhos rosés que tanto agradam aos sul-americanos.
Antes de escolher o seu rótulo de vinho uruguaio, vale a pena observar a classificação do mesmo. O Uruguai classifica os seus vinhos em Viño de Calidad Preferente (VCP) e Viño Común (VC). Os vinhos VCP detém ao menos 85% da cepa indicada no rótulo e devem ser comercializados em garrafas de vidro de 750 ml ou menos, enquanto os vinhos VC são produzidos com uvas sem classificação e podem ser comercializados em galões e, até mesmo, em embalagens tetra-pak. Sugiro passar longe dos vinhos classificados como VC e investir nos vinhos VCP. Os melhores vinhos uruguaios têm um perfil austero, com taninos firmes, mas ao mesmo tempo frescos e com moderado nível de álcool, o que os aproxima dos padrões europeus.
Em sua próxima viagem ao Uruguai ou à Wine Shop de sua preferência, dê uma oportunidade para os jovens e bons vinhos uruguaios.
Se você tiver dúvidas, comentários ou sugestões sobre o universo dos vinhos, escreva para mim em [email protected].
Foto: Coquimbo58