Alpes Suíços, imensa beleza – SuoViaggio Edição n. 9
Zélia Rodrigues - PublisherRevistas Publicadas Europa, Revistas 2015, Suíça
Alpes Suíços, imensa beleza
O frio já chegou no hemisfério norte, com as primeiras quedas de neve nas montanhas do norte da Europa. Embora o frio europeu possa afugentar alguns brasileiros acostumados a altas temperaturas, posso afirmar que o inverno europeu é faceiro, pois vai nos conquistando aos poucos, com uma paisagem deslumbrante aqui e ali, com um chocolate quente dos deuses e sistemas de aquecimento tão eficientes que fazem até os cariocas suarem!
Para contar um pouquinho das maravilhas do inverno europeu, preparamos com muito carinho essa edição sobre os Alpes Suíços. A Suíça é um país encantador e de imensa beleza, mas para esta edição, nos concentramos no trecho dos alpes entre Zermatt e St. Moritz, duas das cidades montanhosas mais importantes, bonitas e animadas do país. Além dessas duas cidades encantadoras, também experimentamos o Glacier Express, o trem que as liga, e que por si só já vale a viagem.
Pegue os seus casacos e embarque com a gente no frio caloroso dessa edição!
Alpes Suíços
De Zermatt a Saint Moritz a bordo do Glacier ExpressEmbora o relógio ainda marcasse 17:00 horas, já estava escurecendo quando cheguei na estação de trem de Zermatt. Da estação ao hotel foi um pulinho, pois a cidade é pequena e as distâncias curtas entre um ponto e outro. Era início de fevereiro, auge da estação invernal, quando decidi fazer a minha Semana Branca na Suíça, ou Settimana Bianca como se costuma dizer na Itália. Depois do check-in e alguns minutinhos de repouso, saí para visitar o centrinho, movimentadíssimo! Passando pelas lojas que exibem em suas vitrines de souvenirs a joias poderosas (e caríssimas!), cheguei a um típico restaurante alpino. Ali cometi uma grande falha, dispensei o tradicional fondue de queijo por um corte de carne brasileira! A carne era excelente, mas me torturo até hoje por não ter comido um prato típico na primeira noite em Zermatt. Tudo culpa do cansaço da viagem!!! Agora, para reparar essa terrível falha no meu currículo de viajante, estou planejando uma nova viagenzinha para Zermatt… Quem sabe nesse inverno que está para iniciar?
Na manhã seguinte, com a luz do dia e um belo sol, pude apreciar melhor as belezas desse pequeno vilarejo, famoso em todo o mundo pela imponência do Matterhorn. Quem não se lembra da embalagem do chocolate toblerone? Sim, lá está a imagem do pico mais famoso de toda a Suíça e, talvez, de todo o mundo. Lá estava o imponente Matterhorn diante dos meus olhos, ao vivo e a cores! Confesso, fiquei emocionada como uma criança. Você não precisa ser um amante do alpinismo para se encantar pelo Matterhorn, essa impressionante montanha de 4.478 metros de altura, esculpida pela natureza em forma piramidal, que fascina o mundo e atrai milhares de visitantes todos os anos. Chegar ao pico do Matterhorn é um dos maiores desafios da vida de um alpinista, o qual já ceifou a vida de muitos deles ao longo dos anos. O primeiro a chegar ao cume do Matterhorn foi o alpinista inglês Edward Whymper, no dia 14 de julho de 1865, acompanhado do guia francês Michel Croz. A conquista deu-se após uma longa e acirrada disputa com o italiano Jean-Antoine Carrel, que atingiu o cume 3 dias após a chegada do grupo liderado por Whymper e Croz. Porém, a vitória de Whymper e seu grupo teve um alto preço, pois 4 dos 7 alpinistas que faziam parte do grupo morreram durante a descida do Matterhorn. O cemitério dos alpinistas faz parte da história de Zermatt e é um dos pontos turísticos da cidade, pois lá estão enterrados muitos daqueles que sacrificaram suas vidas na tentativa de alcançar o cume da montanha, inclusive Michel Croz, Douglas Hadow e Charles Hudson, os alpinistas do primeiro grupo a alcançar o topo do Matterhorn com Edward Whymper. Para quem quiser saber mais sobre a história do alpinismo em Zermatt, vale a pena visitar o Alpines Museum.
Já para aqueles que, como eu, adora experiências especiais de viagens, mas não têm aquele espírito aventureiro, tenho uma boa notícia: é possível visitar a montanha mais famosa da Suíça com a comodidade e segurança de um bondinho. Partindo do centro de Zermatt, o bondinho deixa os viajantes na Klein Matterhorn, a 3.883 metros de altitude. Dali, a vista panorâmica de 360º alcança os alpes da Suíça, da Itália e da França, inclusive o Mont Blanc ou Monte Bianco, a montanha mais alta da Europa e que se localiza em parte na França e em parte na Itália. Simplesmente espetacular! Outra atração imperdível da montanha é o palácio de gelo, considerado o mais alto do mundo. Um elevador leva os visitantes a 15 metros abaixo da superfície congelada, onde está o palácio com suas fantásticas esculturas de gelo. Também vale a pena curtir a experiência de almoçar no restaurante Matterhorn Glacier Paradise, a quase 4.000 metros de altitude, com uma vista deslumbrante dos Alpes. Com tantas atrações, quase me esqueço das excelentes pistas de esqui de Zermatt, que atrai anualmente desde esquiadores amadores até os melhores profissionais do mundo.
Com gostinho de quero mais, dei uma última olhada para o Matterhorn antes de entrar na estação de trem de Zermatt, onde o Glacier Express já estava a espera de seus passageiros. Não sei se estava ansiosa pela viagem ou se já estava sofrendo a influência da pontualidade suíça, mas fui a primeira a embarcar na 1ª classe do magnífico trem que liga a cidade de Zermatt a Saint Moritz, um feito e tanto para a minha fama de atrasada contumaz! Fui recepcionada por um gentil senhor que mostrou o meu assento, me explicou os serviços do trem e até arranhou algumas palavras em português em meio a muita simpatia. Às 08:52, pontualmente, o trem começou a se mover deixando a estação de Zermatt para trás. Poucos minutos depois eu já estava de queixo caído pelas paisagens deslumbrantes dos alpes repletos de neve. Tudo no Glacier Express foi cuidadosamente pensado para que os viajantes aproveitem ao máximo a experiência dos alpes, desde as amplas janelas e parte do teto em vidro – o que faz desse trem um dos mais panorâmicos do mundo –, até a velocidade média de apenas 30 Km/h, ideal para apreciar, fotografar e filmar as belezas naturais do percurso. O Glacier Express consegue atingir pontos dos alpes suíços nos quais nenhum outro trem é capaz de chegar, atingindo o ponto mais alto do percurso, a 2.033 metros de altitude, quando supera a Oberalppass. Além disso, o Glacier Express passa por 291 pontes, sendo que algumas delas são tão lindas e charmosas que parecem ter saído de algum cenário cinematográfico. A paisagem montanhosa vai mudando a cada quilômetro percorrido, ressaltando a grande diferença de cenário de acordo com a época do ano. Para quem quer desfrutar ao máximo a beleza dos alpes, o inverno é, com absoluta certeza, a melhor época para realizar essa viagem. Picos nevados, pequenos vilarejos cobertos de neve e lagos congelados fazem com que o trajeto entre Zermatt e Saint Moritz atinja o seu esplendor de beleza durante o inverno. Todas essas belas paisagens ficam ainda mais belas em um dia de sol, como o dia do meu passeio. Agradeci aos céus por tamanha felicidade!
Estava tão atenta à paisagem do lado de fora que nem me dei conta do avançar do horário, mas graças ao serviço impecável e discreto dos garçons, percebi que já tinha chegado a hora do almoço. A minha única preocupação foi escolher o prato entre as opções do menu, pois o almoço – e todas as bebidas ao longo da viagem – foi servido na minha mesa, assim não precisei abrir mão das belas paisagens e da comodidade da minha poltrona para ir ao vagão-restaurante. O Glacier Express parou nas cidades de Andermatt, Disentis e Chur, onde foi possível descer e ver rapidamente um pouco mais dessas cidades. O passeio estava tão agradável que as 8 horas de viagem voaram e, quando percebi, faltava pouco para chegarmos a Saint Moritz, a etapa final do percurso. Quando embarquei no trem pela manhã, imaginei que a viagem seria cansativa, mas ao contrário, foi tão bonita e agradável que eu não queria mais sair do trem. Se fosse possível, continuaria ali por mais algumas horas, só que quando o ponteiro do relógio marcou 16:55 o Glacier Express parou nos trilhos da estação de Saint Moritz, nos convidando a continuar a maravilhosa experiência nos alpes em uma das cidades mais lindas, chiques e alegres da Suíça. Bem-vindos a Saint Moritz!
A cidade de Saint Moritz se divide entre a parte Bad e Dorf. St. Moritz-Bad é a área mais relax da cidade, onde estão instalados os spas e os hoteis mais tranquilos. Optei por me hospedar nessa área, em um antigo palácio transformado em hotel com uma vista estupenda para as montanhas nevadas. Já St. Moritz-Dorf é a área mais central, onde estão a maioria dos hoteis, restaurantes e lojas. Ali o burburinho rola solto, principalmente no final do dia, quando o pessoal retorna das atividades nas montanhas. A avenida que liga as duas partes da cidade é ampla, extremamente bem conservada e “imprensada” entre montanhas de ambos os lados. No inverno, esse trajeto ganha ainda mais beleza com toda a neve que cobre as montanhas e campos e com os lagos congelados. O carro fica pequenininho diante da imensidão da natureza ao redor. Me senti no cenário de um filme! Quando cheguei a St. Moritz-Dorf, poucos minutos depois, ouvi uma música em uma língua familiar… não era o inglês que estamos acostumados, tampouco o italiano tão difundido naquela região por causa da proximidade com a Itália. Foram necessários alguns instantes para registrar melhor as palavras cantadas naquela música “nossa, nossa, assim você me mata, ai se eu te pego, ai ai se eu te pego…”. Sim, era a música de Michel Teló animando a galera de um bar lotado em St. Moritz!!! Viajei mais de 10.000 quilômetros para me sentir em Salvador, se não fosse o frio, é claro! Quem imagina que a organização, a pontualidade e a precisão fazem da Suíça um lugar chato e tedioso está completamente enganado! Os suíços sabem como se divertir sem perder de vista a precisão e a qualidade de suas atividades. O frio ali não afugentava as pessoas das mesas externas dos bares, o que quase me fez esquecer a temperatura baixíssima daquele fim de tarde nos alpes, a 1.800 metros de altitude. Me encantei pelo bar que montou em sua entrada um balcão feito de gelo, com duas garrafas de champagne congeladas no interior da escultura. Feliz daquele que pôde beber aquele champagne geladíssimo no final do inverno! Circulei pelo centrinho de St. Moritz, entrando em algumas lojinhas e babando pelas vitrines das joalherias que ostentavam colares de diamantes que custavam o preço de um apartamento em São Paulo. Como essas joalherias não tinham os produtos justos para o meu bolso, torrei os meus francos suíços nas maravilhosas chocolaterias da cidade. Tinha chocolate de todos os tipos, formas e gostos. O paraíso dos chocólatras e o pesadelo dos diabéticos!
No dia seguinte tentei visitar Davos, ali pertinho, mas depois de algumas voltas inúteis e um GPS que insistia em querer me mandar para onde não se podia ir, pensei que seria melhor pedir informação para uma senhora que estava do lado de fora de sua casa. A língua se tornou um problema, pois a senhora falava somente alemão, a língua oficial daquele cantão da Suíça, enquanto eu em alemão só aprendi a entrar, sair e agradecer. Mas, mesmo falando línguas totalmente diferentes (alemão e italiano) aquela senhora, com muita gentileza, se esforçou para me explicar que não era possível chegar a Davos naquele dia, pois a estrada estava bloqueada por causa da neve. Saí dali triste por não conseguir visitar Davos, mas feliz por ter vivenciado mais uma demonstração da educação e gentileza do povo suíço. De volta ao carro, era hora de pensar rapidamente e mudar os planos. Se não tem Davos, tem Pontresina! Ali fui eu para a pequena cidade vizinha, outro point para os amantes de esportes de inverno. Como não iria encarar nem esqui e nem snowboard, aproveitei para dar uma volta no centrinho da cidade e visitar a Spaniola Turm, uma torre medieval construída em pedra nos idos do século XII.
Com muitos quilos de chocolate na bagagem, era hora de me despedir de St. Moritz e de todas as maravilhas que conheci nos Alpes Suíços, uma região encantadora que me conquistou com muita alegria e elegância.
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St. Moritz-Dorf
O distrito de St. Moritz-Dorf é onde tudo acontece. Localizado na parte norte da cidade é onde estão a maioria dos hoteis, restaurantes, chocolaterias, joalherias e boutiques.
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No distrito de St. Moritz-Bad estão localizados os SPAs da região, como o recente Ovaverva SPA. Além de suas famosas pistas de esqui, St. Moritz é conhecida pelas suas fontes curativas, que são exploradas desde a Idade Média.
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Glacier Express Alpes Suiços
O Glacier Express ostenta orgulhosamente o título do expresso mais lento do mundo, pois viaja a uma velocidade média de 30 km/h. Porém, essa é a velocidade perfeita para os passageiros apreciarem as maravilhosas vistas dos Alpes e lagos suíços da janela panorâmica do trem.
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