Florianópolis
A Ilha da Magia

Ela já foi a meca de turistas sarados e bronzeados. Depois virou o point de verão de patricinhas e mauricinhos brasileiros. Por fim, ganhou o mundo e caiu no gosto geral quando o Gustavo Kuerten, o manézinho mais famoso da ilha, conquistou o topo do ranking internacional de tênis no ano 2000. Se soma a todos os atrativos naturais da ilha, a simpatia marcante do povo de Florianópolis, ou simplesmente Floripa para os mais chegados. Aliás, se tivesse que resumir em uma imagem essa simpatia, seria a imagem do jeitão simples e sorriso fácil do Guga.

Logo de cara, temos o que se tornou um dos maiores cartões-postais de Floripa, a Ponte Hercílio Luz. Construída em aço para fazer a ligação entre a parte continental e a parte insular da ilha de Florianópolis, em substituição às antigas balsas, a ponte se tornou uma das maiores atrações locais. Com a sua iluminação noturna, a ponte fica ainda mais bonita, mas é durante a festas de réveillon que a ponte vira protagonista absoluta da cidade. Os fogos disparados do mar proporcionam um belíssimo efeito de luzes com a ponte ao fundo, iluminando toda a orla da Avenida Beira-Mar Norte. A festa oficial de Florianópolis se tornou uma das mais bonitas do país, atraindo sempre mais visitantes a cada ano. Depois dos fogos, várias festas rolam na Beira-Mar e em outros locais da ilha, como nas baladas da Lagoa da Conceição e do Jurerê Internacional, mas o melhor é escolher a sua festa antes e evitar grandes deslocamentos na noite de réveillon na cidade, pois o trânsito fica horrível.

Para antes ou depois da ressaca da noite de réveillon, os atrativos de Florianópolis são muitos. Mesmo não sendo muito visitado pelos turistas, vale a pena dar uma passadinha no centro histórico da cidade, onde fica o imponente Palácio Cruz e Souza, mais conhecido como Palácio Rosado, em analogia à Casa Rosada de Buenos Aires. O prédio abriga o Museu Histórico de Santa Catarina, fundado em 1979 e que, além do seu acervo fixo, sempre tem exposições temporárias. E para molhar a garganta, vale a pena visitar o Mercado da cidade, reestruturado recentemente. Além de barracas de frutas, peixes e outras delícias, o Mercado também conta com a parte de bares que é sempre movimentada. Vale a pena provar as boas cervejas artesanais que são servidas por lá, entre um petisco e outro para acompanhar o clima de descontração que impera no local.   

Embora seja repleta de belas praias, uma das maiores atrações de Florianópolis é a Lagoa da Conceição. Localizada no leste da ilha, em direção à Praia Mole, a Conceição se torna em uma espécie de praia de água doce durante o verão. Em suas águas mansas imperam os praticantes de caiaque e de stand-up paddle, já nos gramados no entorno da lagoa fica a galera que quer curtir o sol. Como sou péssima em esportes náuticos – e em outros esportes também – fiquei bem longe da pranchinha do stand-up paddle, mas acabei me aventurando no simples caiaque. Bom, o adjetivo “simples” fica por conta de quem me alugou o caiaque, mas pelo menos não virei na água. No entorno da lagoa ficam vários bares, restaurantes e baladas, o que garante noites sempre movimentadas e cheias de gente bonita por aquelas bandas, além de um trânsito bem menos animador.      

Partindo em direção às praias, fui logo conhecer aquela que segue sendo o destino preferido de surfistas, a Praia da Joaquina. Nunca fui ligada ao surf, mas não poderia deixar passar a praia que colocou Floripa no mapa internacional e, mesmo depois de décadas, se mantém como uma das praias mais bonitas e visitadas da ilha. As ondas fortes e altas da Joaquina são mesmo de arrasar. Como eu sou do time que tem medo de água e só entra na beiradinha, preferi apreciar o espetáculo a uma distância segura. Enquanto lagarteava na areia, via passar a turma do surf em busca daquela onda… Rapazes e moças sarados e bronzeados dão o ar jovem e descontraído que impera na Joaquina – ou Joaca para os iniciados. Com apenas 3 kms de extensão, é uma delícia caminhar de uma ponta a outra da praia, sobretudo até o extremo esquerdo, onde ficam as pedras que deixam o cenário da praia ainda mais bonito. E mesmo sendo famosa por suas ondas, a Joaquina também conta com lindas dunas. Não são tão altas como as dunas do nordeste, mas são igualmente lindas e tem até esquibunda! Arrisco um banho de mar na beiradinha da praia, mas a areia clarinha e fininha é um convite para voltar a lagartear nela enquanto aprecio as muitas belezas naturais dessa praia democrática e encantadora.

Se a Joaquina atraiu os surfistas, a Praia do Jurerê foi a responsável pela onda de patricinhas e mauricinhos de todas as partes do país que invadiu essa praia nos anos 2000. A instalação de baladas como o Café de la Musique e o Parador P12 atraíram levas de jovens arrumadinhos em busca de badalação. As baladas do Jurerê e mais a onda de construção do condomínio de luxo chamado de Jurerê Internacional foram os responsáveis por fazer dessa praia uma das mais frequentadas do país. Claro que atraindo um público abastado os preços de todos os produtos negociados na região subiram, mesmo uma simples água de coco tem um preço salgado nessa praia que, apesar de bonita, não vale o quanto custa.

Mas, se o negócio é badalação a um custo mais comedido, a dica é a muvucada Praia das Canasvieiras. A onda que invadiu essa praia é a dos hermanos argentinos, que iniciou o fluxo migratório quando a economia argentina estava bem (faz tempo!) e os preços brasileiros eram uma pechincha por lá. Mesmo depois da balança se inverter, os encantos de Floripa garantiram que os argentinos não abandonassem as suas areias, sobretudo as de Canasvieiras. A praia de mar calmo e com faixa de areia estreita e lotada não é das mais bonitas da ilha, mas certamente vale uma visita, mesmo que rapidinha. De Canasvieiras partem os passeios de escunas que passam por outras praias próximas e pela Baía dos Golfinhos, além de parar na Ilha de Anhatomirim, onde se pode visitar a antiga fortaleza, e na Ilha do Francês, para curtir um mergulho. O passeio é bem popular, mas é uma opção prática para conhecer essas belas ilhas.

Saindo da muvuca, parti para a praia mais “família” de Florianópolis, a Praia do Santinho. Por causa da estrutura ampla e variada do seu resort, a Santinho se tornou o point de famílias com crianças. Do lado oposto ao resort ficam algumas dunas, não tão altas como as que encontramos na Joaquina, mas interessantes para um passeio e um ótimo ponto para apreciar o panorama dessa praia extensa e pouco povoada.

Uma praia menos badalada e pretensiosa, mas igualmente linda é a Praia dos Ingleses. A faixa de areia dessa praia é a mais extensa de toda a parte norte da ilha, sendo a parte central aquela mais urbanizada e frequentada, sobretudo por famílias com crianças. As festas de réveillon costumam ser animadas nessa praia, mas se quiser viver a experiência de frequentar uma praia deserta, basta ir até lá no dia 1º de janeiro, onde as únicas companhias serão as garrafas de espumantes, resquícios de uma noite intensa.

Por fim, a minha praia preferida de Floripa, a Praia Mole. A sua areia fofinha originou o nome da praia, mas além de contar com esse “colchão” de areia, a Mole tem pedras que ajudam a desenhar o seu belo panorama. Com os morros recobertos de verde e praticamente sem construções ao redor, a Mole poderia parecer uma praia deserta se não fosse o grande fluxo de visitantes que recebe durante o verão. Os surfistas também são presença garantida nessa praia, graças às suas ondas generosas. Já para quem quiser experimentar uma praia de nudismo, da Mole tem uma trilha que leva até Galheta, uma das mais conhecidas praias de nudismo do Brasil. A Praia de Galheta se tornou a praia dos naturistas graças à sua posição geográfica, escondida da estrada e com acesso apenas por meio de 2 trilhas, sendo uma delas a que sai do lado norte da Praia Mole. O legal de Galheta é que não há obrigatoriedade de se despir, então para quem nunca foi a uma praia e nudismo e não se sentir à vontade de tirar a roupa de cara, pode ficar vestido e curtir a praia mesmo assim. Preferindo manter o meu biquíni ao corpo, volto para curtir as areias fofas e a paisagem maravilhosa da Praia Mole, entre uma batidinha e outra.

E quando pensei que já tivesse visto as praias mais bonitas de Florianópolis, eis que me deparo com o cenário paradisíaco da Ilha do Campeche. A travessia em um barquinho de pescador a partir da Praia da Armação é um tormento, mas a areia branquinha contrastando com o verde da vegetação e o azul turquesa do mar de águas calmas é de cair o queixo! Além da beleza natural, o interior da ilha guarda sítios arqueológicos com inscrições rupestres, que podem ser visitados a partir de trilhas demarcadas e com acompanhamento de guias. A Ilha do Campeche é, de fato, um dos lugares mais bonitos de Floripa, valendo a pena qualquer enjoo que a travessia possa causar.