MASP promove conversa com diretores do projeto Vídeo nas Aldeias
Debate destaca três vídeos do projeto em exibição na mostra Sala de Vídeo
Vídeo nas Aldeias, até 10 de agosto
Evento: 3 de julho 2025
O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta Vídeo nas Aldeias e sua importância para o cinema indígena na quarta-feira, 3 de julho, às 19h, em conversa com os diretores Ariel Duarte Ortega Kuaray Poty, Patrícia Ferreira Pará Yxapy, Kamikia Kĩsêdjê e Vincent Carelli. A atividade, mediada por Isabela Ferreira Loures, curadora da mostra, será transmitida pelo canal do MASP no YouTube.
A exposição Sala de Vídeo: Vídeo nas Aldeias, em cartaz até o dia 10 de agosto, parte da programação do museu dedicada ao tema Histórias da ecologia, a exposição retrata a diversidade dos povos indígenas em seus modos de ver, habitar e se relacionar com o mundo e com o meio ambiente. A mostra reúne os filmes Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20 (2012), de Kamikia Kisêdjê; Bicicletas de Nhanderú (2011), de Ariel Duarte Ortega Kuaray Poty e Patrícia Ferreira Pará Yxapy; e Yaõkwa – Imagem e Memória (2020), de Vincent e Rita Carelli.
Os filmes foram realizados a partir de processos coletivos e oficinas promovidas pelo projeto Vídeo nas Aldeias, idealizado em 1986 pelo antropólogo e documentarista franco-brasileiro Vincent Carelli (Paris, França, 1953). O projeto surgiu com a iniciativa de registrar comunidades indígenas e exibir essas imagens para os próprios povos filmados. Com o tempo, consolidou-se como um programa de formação de cineastas indígenas no Brasil, oferecendo oficinas, apoio técnico e doação de equipamentos audiovisuais.
Com curadoria de Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, MASP, a mostra aborda uma concepção de ecologia baseada em cosmologias indígenas, na qual o meio ambiente não é visto como recurso ou paisagem, mas como campo de relações que compreende a espiritualidade e a própria existência. “Esses filmes revelam uma maneira diferente de se relacionar com o mundo e de existir no mundo. Uma forma de compreender o meio ambiente como algo expandido, que vai além da ideia de preservação pela preservação. O meio ambiente, para essas comunidades, é o próprio meio de vida”, diz a curadora.
Na mostra, os filmes são exibidos em sequência, em projeções contínuas. Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20 (2012), de Kamikia Kisêdjê, é um vídeo manifesto das mulheres Kisêdjê contra o desmatamento das florestas e a poluição dos rios decorrentes da construção da usina de Belo Monte, no Xingu. O filme foi produzido pela cineasta e pelo Coletivo Kisêdjê de Cinema como uma mensagem do seu povo para a RIO+20. Nesse contexto, as mulheres tomaram a frente dos depoimentos, expressando com contundência sua apreensão diante da devastação da Amazônia e do futuro de seus netos.
Bicicletas de Nhanderú (2011), de Ariel Duarte Ortega Kuaray Poty e Patrícia Ferreira Pará Yxapy, cineastas Guarani Mbya, oferece uma imersão na espiritualidade presente no cotidiano dos Mbya-Guarani da aldeia Koenju, evidenciando uma relação simbiótica do povo com a floresta.
Yaõkwa – Imagem e Memória (2020), de Vincent e Rita Carelli, acompanha o retorno à comunidade Enawenê Nawê, no Mato Grosso, para devolver imagens filmadas ao longo de quinze anos pelo Vídeo nas Aldeias. Esses registros documentam o Yaõkwa, o ritual mais longo da comunidade, em que os mestres de cerimônia entoam, por sete meses, diversos cantos para manter o equilíbrio entre o mundo terreno e o espiritual. Quinze anos depois, os Enawenê Nawê reverenciam essas imagens, reencontrando parentes falecidos, costumes esquecidos e cantos rituais preciosos.
Sala de Vídeo: Vídeo nas Aldeias integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia. A programação do ano também inclui mostras audiovisuais de Emilija Škarnulytè, Inuk Silis Høegh, Janaina Wagner, Maya Watanabe e Tania Ximena.
SOBRE O VÍDEO NAS ALDEIAS
O Vídeo nas Aldeias é um projeto audiovisual criado em 1986 com o propósito de fortalecer o cinema indígena brasileiro. Idealizado por Vincent Carelli, o Vídeo nas Aldeias se dedicou, inicialmente, a registrar a cultura de diferentes povos indígenas brasileiros, apresentando as filmagens para as próprias comunidades. A partir de 1997, o projeto expandiu suas atividades para incluir oficinas audiovisuais realizadas junto a esses povos e passou a distribuir equipamentos de filmagem para que os participantes tivessem autonomia na representação de sua própria cultura. Desde então, a formação de cineastas indígenas e o suporte técnico para a produção de filmes se tornaram pilares da atuação do projeto.
MASP Conversas: Vídeo nas Aldeias – Imagem e memória
Com Ariel Duarte Ortega Kuaray Poty, Patricia Ferreira Pará Yxapy, Kamikia Kĩsêdjê e Vincent Carelli
Mediação: Isabela Ferreira Loures, assistente Curatorial, MASP
3.7.2025 | Quinta-feira, das 19h às 20h live pelo Youtube @MASPMUSEU
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