Vinho & Eu: Terroir
Vinho & Eu
Terroir
A terminologia terroir ganhou uma definição particular no universo da viticultura, saiba exatamente o que significa esse termo
No mundo do vinho uma das palavras mais usadas é terroir, mas a definição de terroir não é tão óbvia quanto possa parecer à primeira vista. Terroir deriva da palavra latina territorium, que seria a limitação de um determinado território. Em francês a palavra terroir significa uma extensão determinada de terra. Porém, com a grande produção vinícola da França, os produtores passaram a utilizar a palavra terroir para um conceito específico, exportando esse conceito para todas as partes do mundo.
Para o mundo da viticultura, o termo terroir não é apenas uma determinada área de terra, mas engloba todos os elementos naturais e climáticos de um determinado terreno vitícola. Desta forma, terroir não se limita a uma simples fração de terra, mas a uma fração de terra que possui determinadas características por causa dos efeitos climáticos e das condições do solo. Por exemplo, um solo calcário favorece determinados tipos de vinhas, o fluxo de chuvas em um determinado terreno favorece ou desfavorece a produção das vinhas, variando de acordo com o tipo de vinha a ser produzido e assim sucessivamente. As condições do solo e subsolo, a posição geográfica da área, a altitude, a proximidade de florestas e rios e as condições climáticas da região compõem o termo terroir, pois é a combinação de todos esses diferentes fatores que definirão se um terroir é bom ou não para a produção vitícola.
O nosso senso comum nos leva a crer que quanto mais fértil o solo melhor, mas diferentemente do que ocorre na produção de outras plantações, as vinhas requerem um solo mais pobre e não muito fértil para darem uvas boas para a produção de vinhos. Não por acaso as vinhas que produzem os vinhos finos são produzidas ao flanco de colinas, pois nessas áreas a água da chuva é drenada de modo a evitar o excesso de água, que gera essas uvas visivelmente bonitas, mas pouco açucaradas. Os solos em cascalho e argilosos também têm papel fundamental na produção de boas videiras, cada qual sendo mais ou menos indicado para determinado tipo de cepa.
De modo geral, a viticultura requer clima temperado, com as estações do ano bem definidas. Por esse motivo, os terroirs do centro europeu sempre foram muito favorecidos para a produção vitícola, com um verão seco para a maturação lenta das uvas, seguido por um inverno longo e frio, que proporciona à vinha um repouso fundamental. As vinhas também exigem muita luz, por isso, produções de vinhos de alta qualidade ficam em áreas altas, onde recebem maior incidência da luz solar. O nível de pluviosidade também precisa ser moderado, entre 500 e 700 mm por ano, pois a chuva insuficiente impede o crescimento das uvas, enquanto o excesso de chuva gera bagas muito grandes, mas cheias de água e pouco açucaradas.
Exatamente por todos esses fatores variáveis, é fundamental observar a safra de um vinho fino, pois em determinados anos as condições climáticas favorecem produções de excelência, enquanto em outros anos pouco se aproveita da colheita das uvas. O ano que vem exibido nos rótulos se refere ao ano de colheita da uva e, deste modo, é possível saber se naquele ano a safra foi mais ou menos favorável para a produção vinícola. O fator safra é fundamental para os vinhos mais nobres, pois pode ocorrer uma variação significativa na qualidade do mesmo tipo de vinho em decorrência da safra.
Em suma, para produzir um vinho de qualidade o terroir tem que ser equilibrado, pois qualquer tipo de excesso ou deficiência influencia na qualidade das uvas a serem produzidas no terreno. Na minha singela opinião, a grande beleza do universo do vinho está exatamente nessa constante busca de equilíbrio.
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